12/05/2022 02:56

O peixe que nos ajuda a entender o alcoolismo

  • Blog Ciência Fundamental

Num laboratório na UFRN, zebrafishes se tornam mais desinibidos quando bebem

Ilustração: Julia Jabur

Por Ana Luchiari

O uso de bebidas alcoólicas permeia toda a história da humanidade. Há registros de que o homem armazenava bebidas fermentadas produzidas com arroz, frutas e mel desde 8 mil anos antes de Cristo, e de lá pra cá temos elaborado cada vez mais nossas receitas e produzido em larga escala. A cerveja era muito importante para as sociedades suméria, egípcia e babilônica, e servia de moeda de troca, enquanto o vinho era de largo uso entre os romanos e ganhou valor geopolítico para os impérios. E a cachaça animou muitas festas dos senhores de engenho, que a vendiam e barganhavam no Brasil colônia. Mas o que a ciência tem a ver com isso?

Durante a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século 18, quando as bebidas alcoólicas passaram a ser produzidas em grandes volumes, a taxa de alcoolismo começou a chamar a atenção das autoridades. Foi então que tiveram início os primeiros estudos sobre os efeitos do álcool, seu modo de ação e consequências em curto e longo prazo. 

O alcoolismo, considerado uma doença, afeta 4 milhões de indivíduos no Brasil.  Sabemos que seu desenvolvimento não se deve a uma única causa: envolve fatores genéticos, biológicos, sociais e psicológicos. E entender por que algumas pessoas se tornam dependentes e outras não pode ser uma ferramenta de grande valia para a saúde pública.

Em termos genéticos, já foram identificados vários genes relacionados à doença. Um deles, o CYP2E1, participa da produção de enzimas que quebram o álcool no cérebro: pessoas que produzem mais enzimas metabolizam mais o álcool e sentem mais seus efeitos. Além disso, o álcool age em outros sistemas no cérebro, como o sistema de recompensa – a bebida causa uma sensação de prazer. Só que esse sistema passa a responder cada vez menos, e assim a pessoa precisa aumentar a quantidade de álcool para sentir os efeitos, e de repente a situação sai de controle, como uma bola de neve. 

Não é fácil saber se a pessoa tem esses genes, e ainda que ela não manifeste nenhuma propensão genética para se tornar alcoólica, o ambiente social e o estilo de vida desempenham um papel decisivo. É aí que entram em cena alguns importantes colaboradores que nos auxiliam a desvendar outras características indicadoras de propensão ao alcoolismo.

No Laboratório de Peixes da UFRN há um peixinho chamado zebrafish que, por compartilhar 70-80% do material genético conosco, funciona como um ótimo modelo para estudar doenças humanas. 

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.

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