13/03/2023 02:33

Sambaquis: uma janela para o passado da Amazônia

  • Blog Ciência Fundamental

A expedição de um grupo de arqueólogas a uma antiga morada indígena no Pará

Ilustração: Lívia Serri Francoio

Por Gabriela Prestes Carneiro, Lana Guimarães e Vitória dos Santos Campos

Uma das perguntas mais frequentes que um(a) arqueólogo(a) escuta é: “Nossa, mas por que vocês se interessam por coisas tão antigas? Para que servem?”. Bem, é porque nós, arqueólogos(as), acreditamos que uma das chaves para a conservação dos ecossistemas no futuro esteja embaixo da terra. Procuramos identificar quais plantas eram cultivadas no passado, quais as fontes de proteína da população da época e como eram construídas as moradas.

A arte da arqueologia é o trabalho em equipe. A nossa, composta por arqueólogas, biólogas, geógrafas, antropólogas, professoras, em sua maioria mulheres, tem como objetivo mapear e estudar os sambaquis que se estendem em uma faixa de 500 quilômetros ao longo do rio Amazonas, de Terra Santa a Porto de Moz, no Pará, em um projeto chamado Janelas Abertas para a Biodiversidade do Baixo Amazonas, JABBA. Os sambaquis — antigas moradas indígenas à base de terra e conchas, construção hoje em desuso no país — figuram entre os mais antigos sítios arqueológicos da América do Sul, remontando a até 8 mil anos atrás.

No litoral do Brasil há várias pesquisas sobre eles, mas no interior da Amazônia esses sítios ainda foram pouco investigados. No baixo rio Amazonas, por exemplo, a última escavação ocorreu na década de 80, no sambaqui da Taperinha.

A boa conservação desses sítios se deve ao carbonato de cálcio das conchas, que preserva os restos dos animais (espinhas de peixe, vértebras, dentes) e de plantas (fragmentos de troncos de árvore, sementes, pólens). A identificação dessas espécies permite não só reconstruir o ambiente do entorno, mas também documentar como essas paisagens se transformaram ao longo do tempo. Agora buscamos entender como os sambaquis foram formados, quando e quais povos passaram por esses locais. Cada camada arqueológica é, para nós, como o capítulo de um livro.

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo

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