Projetos estratégicos | Piloto do Centro de Ecologia
Grupo de pesquisa em ecologia tropical
Em 2024, o Serrapilheira apoiou a criação de um grupo de pesquisa transdisciplinar em ecologia tropical. A iniciativa é parte do esforço do instituto, iniciado há alguns anos, para estudar a viabilidade de se criar um centro voltado à pesquisa e políticas públicas em ecologia e meio ambiente.
A biodiversidade e as funções ecossistêmicas em biomas tropicais estão sob rápida degradação e ainda são pouco compreendidas pelos tomadores de decisão. Sendo o país com a maior biodiversidade do mundo, o Brasil tem potencial para se tornar referência global em ciência para a ecologia tropical, promovendo soluções científicas inovadoras para desafios ambientais urgentes.
O grupo de pesquisa inclui especialistas da hidrologia, biodiversidade, ecologia, matemática, clima, arqueologia, antropologia, políticas públicas, economia e comunicação. No momento, esses cientistas vêm trabalhando em uma plataforma geoespacial online com dados de valoração de serviços ecossistêmicos relacionados à água, à biodiversidade e ao carbono.
Ao longo de 2024, o grupo, que reuniu 13 cientistas, trabalhou em duas frentes diferentes. Uma delas se dedicou a identificar as principais lacunas de conhecimento e eixos estratégicos do centro no longo prazo, enquanto a outra se concentrou em sínteses com resultados mais imediatos. O piloto do centro deve começar a sair do papel em 2025.

Encontro dos cientistas que ajudaram a construir o piloto do Centro de Ecologia, em fevereiro, no Rio de Janeiro. Crédito: Renan Olivetti
Conheça os cientistas participantes:

Gabriela Prestes Carneiro
Universidade Federal do Oeste do Pará/ Muséum National d’Histoire Naturelle, França
Ao cruzar diversos dados, como os do MapBiomas, do IBGE e da Funai, o grupo constatou que as chuvas das Terras Indígenas da Amazônia contribuem para 57% da renda agropecuária do Brasil. Elas influenciam as chuvas que abastecem 80% da área das atividades agropecuárias no país.
A produção desse conhecimento novo, a partir de dados disponíveis desde 2020 e que já haviam sido validados em trabalhos anteriores, levou à elaboração de uma nota técnica, lançada no início de dezembro. Liderado pelo hidrólogo Caio Mattos e pela matemática e meteorologista Marina Hirota, ambos da UFSC, o trabalho é assinado por 10 cientistas.
A nota técnica foi, ainda, endossada por outros nomes de peso da ciência: o climatólogo Carlos Nobre, o físico Paulo Artaxo, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha (os três da USP), o economista Ronaldo Seroa da Motta (Uerj) e a bióloga Mercedes Bustamante (UnB). A análise complexa dos dados só foi possível pela interação de pesquisadores com expertises diferentes e com a participação de comunicadores, mostrando o valor do trabalho transdisciplinar.

Infográfico da nota técnica mostra a influência das águas oriundas das Terras Indígenas da Amazônia em outras regiões do Brasil. Crédito: Joana C. Carvalho e Maria Carlos Oliveira
COP da Biodiversidade
Além disso, o grupo de pesquisa em ecologia tropical organizou uma mesa na COP da Biodiversidade, a COP16, em Cali, na Colômbia. “Como aproximar a ciência das políticas públicas” foi o tema da sessão, que contou com representantes do Ministério dos Povos Indígenas, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e também do Ministério do Conhecimento, Inovação e Produtividade e do Instituto Humboldt, ambos da Colômbia.
Na volta, refletimos sobre três ensinamentos deixados pela COP16 em um artigo de opinião na Folha de S.Paulo.

Gabriella Seiler (consultora do piloto do centro), André Junqueira (cientista participante do piloto), Felipe García (Instituto Humboldt, da Colômbia), e Marina Hirota (cientista participante do piloto) na COP da Biodiversidade, em Cali.