Clarice Cudischevitch
“Antes de compartilhar uma notícia, pare e pergunte-se: isso é mesmo real?” Se a jornalista e escritora Brooke Borel pudesse resumir as técnicas de checagem de fatos em apenas uma dica, seria essa. Autora do The Chicago Guide to Fact-Checking, ela estará no Camp Serrapilheira no dia 7 de setembro, na casa Firjan, no Rio de Janeiro, para uma palestra aberta seguida de um debate sobre desinformação e as estratégias para combatê-las.
Borel lembra que as técnicas de checagem de fatos dificilmente podem “salvar o mundo” das fake news, mas são ferramentas essenciais para as pessoas sentirem-se mais orientadas diante da imensa quantidade de dados – muitos deles falsos – com que nos deparamos diariamente. O fact-checking consiste na apuração de uma informação por meio de seu confrontamento com dados, pesquisas e registros. Apesar de ser operado pelos veículos jornalísticos de forma cada vez mais sistemática, pode ser feito por qualquer um que consuma notícias.
Ela afirma que as pessoas devem ter em mente que, antes de compartilhar um conteúdo, é preciso checar as informações. “Veja se os nomes citados em uma matéria são de fontes reais; se as instituições mencionadas existem; se o site que dá a notícia é profissional. Se um artigo não traz o nome do autor, por exemplo, ou se você não consegue achar as fontes originais de um texto com informações polêmicas, é possível que seja fake news”, aponta.
Para a norte-americana, que é professora-colaboradora de Comunicação Científica na Universidade Columbia, o Brasil e os Estados Unidos vivem momentos semelhantes marcados por uma proliferação de informações falsas nas redes sociais, com impactos na política, e pela negação de fatos científicos. “Eu não acho que internet seja algo horrível que atrapalha a sociedade, mas estamos tão conectados agora que pessoas com essas ideias encontram umas às outras e acabam promovendo a desinformação.”
Apesar de ser motivo de preocupação, Borel considera, no entanto, que o problema é menor do que parece. “É fácil repercutir a desinformação nas redes sociais. Eles são barulhentos, mas são poucos”, ressalta. “Nos Estados Unidos há um movimento antivacina, por exemplo, mas, ao analisarmos os números, vemos que são poucos os que não se vacinam. É um perigo, mas ainda não é um desastre. Humanos tendem a questionar tudo, mesmo de fontes confiáveis.”
Ela entrou nesse campo em 2008, quando atuou como fact-checker na revista Science Illustrated. Anos depois, Borel trabalhava em um livro para Universidade de Chicago e, como no caso da maioria das publicações, não havia verba para checagem de fatos, então ela começou a fazer por conta própria. “Minha editora perguntou o que eu sabia sobre isso. Respondi que havia trabalhado na área, e então soube que eles estavam procurando alguém para escrever sobre fact-checking.”
A jornalista, então, conversou com cerca de 90 fontes e coletou mais de 200 respostas a um questionário, incluindo pesquisadores, repórteres, editores e outros. Em 2016, nasceu o The Chicago Guide to Fact-Checking, um guia acessível sobre boas práticas e metodologias para checagem de fatos.
Em 2018, Borel também coordenou um estudo sobre fact-checking no jornalismo científico pelo Knight Science Journalism do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Hoje, ela atua como um hub da área, conectando uma rede de mais de 200 pessoas ligadas à checagem de fatos.
O Camp Serrapilheira é um evento promovido pelo Instituto Serrapilheira para abordar novas narrativas sobre ciência. O encontro reúne divulgadores científicos do Brasil para participarem de workshops, conhecerem referências internacionais na área e formarem redes de colaboração.
Nesta edição, 36 organizações selecionadas por uma chamada pública apresentarão sessões sobre divulgação científica e, depois, concorrerão a apoios de R$ 100 mil. Além da palestra pública, Brooke Borel realizará um workshop sobre fact-checking reservado aos participantes. Saiba mais sobre a programação.
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