22/07/2021 02:03

O que nossa fala e o canto do sabiá têm em comum

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Aves canoras nos ajudam a entender a gagueira e outros distúrbios da linguagem

Ilustração: Valentina Fraiz

Por Tarciso Velho

Em geral, começamos a falar naturalmente. Imitamos o que ouvimos dos pais, dos amigos, de quem estiver por perto. Ou seja, modificamos as vocalizações de acordo com o que ouvimos. Aprendemos, erramos, ensaiamos de novo. E disso resulta um sistema de comunicação único no mundo animal, a linguagem falada. Ela é singular, universal, uma característica biológica nossa.

No entanto, um seleto grupo de animais compartilha conosco o que chamamos de aprendizado vocal: eles aprendem ouvindo e copiando outros animais da espécie. Para surpresa de alguns, este grupo não inclui os grandes primatas, mas outros animais: mamíferos aquáticos (baleias, golfinhos, pinípedes), morcegos, pássaros, e possivelmente elefantes e o sagui-de-tufos-brancos. Não são todas as aves, porém, que aprendem suas vocalizações, apenas pássaros canoros, beija-flores e papagaios

Mas por que isso nos interessa? Porque um processo biológico tão particular como o aprendizado vocal deve ser meticulosamente estudado. Seja para melhor entender distúrbios de linguagem, seja para satisfazer nossa curiosidade.

Cerca de 5% das crianças americanas, por exemplo, têm algum tipo de distúrbio da fala, dos quais 20% são de gagueira. Não se conhece a causa da maioria deles. Além disso, estimativas sugerem que cerca de 40% de crianças diagnosticadas com autismo, cujas causas são em grande parte desconhecidas, são consideradas não verbais.

Leia no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.

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