Biólogo Alexandre Bruni-Cardoso estuda a relação entre as células dormentes e o câncer, com apoio do Serrapilheira
Clarice Cudishevitch
O que faz com que as células parem de se dividir? Responder a essa questão é o cerne do estudo do biólogo Alexandre Bruni-Cardoso, apoiado pelo Serrapilheira. Em artigo de revisão sobre o tema publicado em junho na revista “Frontiers in Cell and Developmental Biology”, ele investiga o que está por trás da dormência celular, conhecida como quiescência, e sua possível relação com o câncer.
A quiescência celular corresponde ao período em que as células não estão em fase de proliferação, ou seja, se dividindo, apesar de continuarem metabolicamente ativas. É um estado reversível, em que as células podem acordar.
“É como se as células fossem a Bela Adormecida”, brinca Bruni-Cardoso, que utilizou a analogia no título do artigo: “Sleeping Beauty and the Microenvironment Enchantment”.
A pesquisa é relevante porque a proliferação celular está relacionada não apenas ao crescimento do número de células em condições normais, mas à origem de um dos grupos de doença que mais afetam a população: o câncer. Nessa revisão, levanta-se a hipótese de que o câncer, na verdade, não deriva de uma capacidade proliferativa exagerada, mas de uma perda do controle da quiescência, pela influência do microambiente.
O biólogo explica que a maior parte das nossas células estão em quiescência. “Caso contrário, não pararíamos de crescer, teríamos caroços pelo corpo.” A proliferação é a forma pela qual os órgãos se desenvolvem. Ela é contínua apenas em alguns deles, como a pele, o fígado e o epitélio intestinal, para repor as células mortas.
Bruni-Cardoso, pesquisador do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (SP), busca entender o que regula a quiescência. As condições ideais para a proliferação celular abrangem um microambiente externo à célula em que determinadas moléculas estimulam o processo. Mas, mesmo com a presença desses fatores, as células quiescentes permanecem “dormindo”.
Esse microambiente tem como um dos componentes principais a matriz extracelular – moléculas grandes produzidas pela célula, localizadas do lado de fora dela. Funcionam como “géis” e “colas” moleculares. O colágeno é um de seus exemplos mais conhecidos.
“As células sabem quando proliferar se as condições estão apropriadas, mas o microambiente indica que elas não o façam por meio de uma cascata de sinalização – uma molécula modifica a outra e assim por diante”, destaca Bruni-Cardoso. Ele busca, com o uso de ferramentas de edição de DNA, identificar os genes que compõem essa comunicação.
Uma melhor compreensão da regulação da quiescência poderia abrir caminho para a descoberta de novos alvos para o tratamento do câncer. “Sabemos muito pouco sobre a doença”, comenta Bruni-Cardoso. “São vários tipos muito complexos. Só no câncer de mama, que é nossa expertise, há mais de uma dezena de subtipos. Acredito que, entendendo detalhes moleculares dessa interação entre o microambiente e a célula, compreenderemos melhor sua gênese.”
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