Clarice Cudischevitch
A natureza é um tema frequente nas poesias de Manoel de Barros, que tinha sobre as plantas e bichos um olhar mais voltado para as primeiras impressões e as aparências do que para o que são de fato. Como, então, um cientista interpretaria esses versos? Uma exposição dedicada ao poeta apresenta a ótica dos biólogos Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Serrapilheira, Carlos Hotta e Bruss Lima, grantees do instituto, no Itaú Cultural, em São Paulo.
A “Ocupação Manoel de Barros” reúne rascunhos do poeta em mais de 100 cadernos que eram feitos por ele mesmo a partir de materiais reaproveitados, apresentados pela primeira vez ao público. Os objetos expõem o processo criativo de Barros por meio de anotações e versos soltos. A exposição também conta com desenhos e autorretratos e com um telão que projeta as poesias do autor, nascido em Cuiabá (MT) e morto em 2014, aos 98 anos.
Manoel de Barros via a beleza nos detalhes. Em suas poesias, divaga sobre lesmas, caramujos, borboletas, plantas e, por vezes, estabelece uma relação de promiscuidade com a natureza. “A origem da ciência é curiosidade humana; ela não precisa se justificar, da mesma forma que a poesia ou qualquer tipo de criação”, comenta Hugo Aguilaniu, pesquisador da genética do envelhecimento, no vídeo gravado com os cientistas para a exposição.
“A poesia é provavelmente a arte mais ‘inútil’ e, portanto, mais importante da humanidade”, completa Aguilaniu. “Por que fazer um livro quando você consegue sobreviver sem ler? Por isso deveríamos acabar com os livros? Certamente não. E a ciência está sofrendo muito essa onda de querer ter uma utilidade.”
Manoel de Barros, que nasceu no Mato Grosso e viveu no Mato Grosso do Sul, aborda frequentemente o Pantanal em suas obras. “Será que se eu pegar um livro que descreve a vegetação do Pantanal, seu padrão climático, vamos entendê-lo?”, questiona Carlos Hotta, da USP, que pesquisa o relógio biológico das plantas. “Quando lemos seus poemas, entendemos um monte de outras coisas que não vão ser observadas empiricamente. São partes de um todo de como a gente entende a realidade.”
Para Bruss Lima, da UFRJ, Manoel de Barros busca diminuir a dicotomia entre o homem e a natureza. “Um dos trechos dos poemas de Manoel de Barros que mais me tocou é um que diz que nós temos que aprender a cair como uma folha de árvore. Ele fala de aceitarmos a queda, o fim, a perda, que aquilo acabou e virão outras pessoas, folhas, estações.”
A mostra inclui, também, uma publicação e um hotsite, onde é possível assistir ao vídeo com a participação dos cientistas. Além de Aguilaniu, Hotta e Lima, também contribuiu com a gravação a bióloga Nurit Bensusan, que atua no campo das políticas públicas para conservação da biodiversidade.
A Ocupação Manoel de Barros pode ser visitada até o dia 7 de abril, no Itaú Cultural, em São Paulo.
Ocupação Manoel de Barros
Horários: Terças-feiras a sextas-feiras, das 9h às 20h (permanência até as 20h30) / Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Até 7 de abril.
Local: Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149, São Paulo/SP.
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