Parte do 11º Congresso GIFE, mesa de debate mediada por Hugo Aguilaniu abordou investimento social na ciência e informação
Em parceria com o Serrapilheira, o 11º Congresso GIFE organizou, na última sexta-feira, 25, o painel “Investimento Social por Ciência e Informação”. O diretor-presidente do instituto, Hugo Aguilaniu, mediou a conversa sobre a importância e os desafios do investimento social na produção de conhecimento. Em três blocos, o encontro reuniu vozes da filantropia e do investimento social, da ciência e da comunicação para somar perspectivas da ação filantrópica em favor da produção de conhecimento no Brasil.
A construção da ciência brasileira
Com Maria Augusta Arruda, da Universidade de Nottingham, e Sidarta Ribeiro, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a primeira rodada teve como foco o papel do investimento social e privado na pesquisa. Em sua fala, Maria Arruda defendeu que modelos observados em países como Inglaterra e Canadá não podem passar de inspirações. “Não tem como mimetizar no Brasil a inspiração que buscamos fora. A solução para nossos problemas serão construídas não só pela comunidade científica, mas a comunidade brasileira como um todo. Por isso é importante a parceria com agências filantrópicas e privadas.”
O neurocientista Sidarta Ribeiro concordou e acrescentou que, se o Estado não faz sua parte no investimento na ciência, cabe ao privado fazer: “Ainda mais porque o investimento em pesquisa traz retorno e lucro. O sistema capitalista só existe porque está acoplado à ciência.”
Em tempos de crise, o pesquisador fez um alerta sobre a evasão de cientistas, que deixam o Brasil ou desistem da carreira. “É importante que os CPFs por trás dos CNPJs percebam que é tempo de aumentar a qualidade e quantidade do investimento. No futuro pode nem existir essa chance para investir na ciência, já que ela vai estar tão fraca no país”, concluiu.
A formação científica
Lázaro da Cunha, diretor do Instituto Steve Biko e coordenador do programa Oguntec, que encoraja em jovens negros o interesse pela ciência, acredita que a base para a construção da ciência brasileira está na formação da juventude. “No Steve Biko vejo como o potencial dos jovens é transformador. Temos talentos que precisam aflorar para mudar o contexto do país.”
O programa tem como objetivo tornar o ensino da ciência mais agradável para incentivar os futuros pesquisadores. “O racismo e o sexismo são barreira na formação dos cientistas. Para mudar esse cenário é fundamental que as metodologias e estratégias usadas no ensino de ciência na educação básica e até nas universidades sejam radicalmente modificadas”, defendeu.
O matemático Tiago Pereira, grantee do Serrapilheira e professor do Instituto De Ciências Matemáticas e de Computação da USP – São Carlos, acrescentou que um caminho possível é incentivar a curiosidade inata das crianças. “Mais importante ainda que o método científico na educação, precisamos nutrir essa curiosidade que faz a juventude buscar respostas”. Pereira se usou como exemplo sobre a relação da ciência e a ascensão social, já que se tornou cientista enquanto seus pais não chegaram a concluir o ensino básico. “Mais do que ascensão social, investir na formação científica é apostar também no crescimento da alma humana.”
Informação e divulgação científica
No debate sobre comunicação científica, Tatiana Roque, do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, apresentou pesquisas que abordam os desafios da ciência pós-pandemia. “Atualmente passamos por uma crise de confiança em que o alvo do negacionismo é a figura do expert, esse profissional que faz a ponte entre a ciência e a política”, explica. “Por isso não há como desvincular os dois pontos neste debate: a crise pela qual passamos também é política.”
Pesquisadora e coordenadora da Agência Bori, Ana Paula Morales aprofundou a questão. “A ciência pode orientar tomadas de decisão em diversos níveis da sociedade: como cidadã, como mãe, consumidora. Acredito no poder transformador da ciência e no jornalismo, que desempenha papel importante nessa comunicação.”
A terceira palestrante da rodada, Mariluce Moura, fundadora do Ciência na Rua, deu coro à importância do jornalismo no equilíbrio entre a ciência e democracia. Após fazer um panorama do jornalismo científico no Brasil, ela falou sobre financiamento na área. “Como jornalismo não é ciência, agências de financiamento à pesquisa não o financiam. Também não é financiado por agências de fomento à divulgação científica, já que o jornalismo científico responde às regras do jornalismo, e não de projetos de divulgação.” Moura concluiu sua fala fazendo um apelo ao investimento na área. “Considerando a contribuição que ele traz à cidadania, é tempo de se pensar no investimento social para multiplicar e criar novos modelos inspiradores de jornalismo científico no país.”
Sobre iniciativas inovadoras, Clara Sacco, diretora do data_labe, apresentou a organização que faz jornalismo e levantamento de dados na favela da Maré. “Nosso papel é reconhecer as iniciativas de produção de conhecimento que estão fora dos grandes centros de pesquisa, que têm muito a contribuir para o fortalecimento da democracia e da própria ciência”, concluiu.
É possível assistir à gravação completa da mesa aqui.
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