Clarice Cudischevitch
A diversidade na ciência é um tema cada vez mais presente nas discussões promovidas pelo Serrapilheira e foi pauta do terceiro Encontros Serrapilheira, evento que reúne os pesquisadores apoiados pelo instituto. A última edição aconteceu no final de junho e reuniu 36 grantees no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
A conversa foi conduzida pela professora do Departamento de Sociologia da USP Marcia Lima, que abordou a meritocracia e inclusão. De acordo com a socióloga, a escolaridade no Brasil aumentou substancialmente entre 1960 e 2010, mas as desigualdades de gênero e raça permaneceram reproduzidas nesse indicador. Há, por exemplo, uma defasagem na aprendizagem de Matemática que está relacionada à reprodução do estereótipo de que meninos têm um desempenho melhor do que meninas nessa disciplina.
Algumas das consequências disso são a divisão entre carreiras femininas e masculinas e a diferença salarial. “Apesar de as mulheres serem mais escolarizadas do que os homens, ganham salários mais baixos e têm menos promoções. É o efeito-discriminação”, explicou Lima. Uma das formas de corrigir o problema é a adoção de ações afirmativas. “Meritocracia só é possível quando há igualdade de competição.”
Guia de diversidade na ciência
Marcia Lima faz parte do comitê que está produzindo o guia de boas práticas de diversidade na ciência do Serrapilheira. O grupo se reuniu em junho, no Rio, para conversar sobre as ações do instituto voltadas para inclusão que também devem orientar as práticas dos pesquisadores apoiados. Os outros integrantes do comitê são Debora Diniz (UnB/ Brown University); Juarez Xavier (Unesp); Katemari Rosa (UFBA); Marcia Barbosa (UFRGS); Andre Degenszajn e Iara Rolnik (Instituto Ibirapitanga).
O Serrapilheira acredita que a ciência de excelência está diretamente relacionada à diversidade, pois esta surge de uma complexidade que requer uma pluralidade de vozes. Ideias novas e criativas que dão origem a perguntas fundamentais e alimentam a pesquisa de qualidade são favorecidas por pontos de vista diversos.
“Assim como valorizamos a colaboração entre diferentes áreas para a solução de grandes perguntas, acreditamos que, quanto mais variado for o grupo envolvido na construção dessas perguntas e nas maneiras de tentar respondê-las, mais rica pode ser a ciência”, afirma a diretora de Pesquisa Científica do Serrapilheira, Cristina Caldas.
A ideia é, em 2019, consolidar as políticas de diversidade do Serrapilheira. Até então, o instituto promoveu ações pontuais de inclusão. Foi concedido, por exemplo, um apoio extra de R$ 10 mil às pesquisadoras que tiveram filhos durante o grant e, nas chamadas públicas, o prazo de conclusão do doutorado foi estendido em até dois anos para as candidatas que são mães. Também foram financiados eventos dedicados à discussão deste tema.
Uma das principais ações do instituto, no entanto, é o mecanismo que condiciona parte dos recursos oferecidos aos grantees a ações de inclusão. Os pesquisadores que têm o apoio do Serrapilheira renovado podem receber até R$ 1 milhão, sendo R$ 700 mil concedidos de forma incondicional. Os R$ 300 mil restantes devem ser destinados à integração e formação de pessoas de grupos sub-representados em suas equipes de pesquisa. A adesão a esse mecanismo é voluntária, ou seja, os pesquisadores podem optar por receber ou não o valor destinado às práticas de estímulo à diversidade.
“Reconhecemos que o problema da diversidade e inclusão na ciência é histórico e complexo. Por meio deste pequeno passo, buscamos sensibilizar os grantees a atentar a essa questão, de modo que possam efetivamente contribuir para a construção de uma ciência brasileira mais diversificada”, destaca Cristina Caldas. O guia de boas práticas de diversidade na ciência do Serrapilheira será divulgado no segundo semestre de 2019.
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