13/07/2022 02:13

Janelas abertas para o desconhecido

  • Blog Ciência Fundamental

Em meio a telescópios de ponta e novas medições, Brasil se destaca na astrofísica

Ilustração: Livia Serri Francoio

Por Pedro Lira

Albert Einstein talvez não imaginasse que, passados pouco mais de cem anos de sua teoria da relatividade geral, seria possível contemplar uma de suas previsões mais deslumbrantes: os buracos negros, como mostrou a imagem do Sagitarius A*, localizado no centro da Via Láctea. Segundo Elisa Ferreira, cosmóloga da Universidade de São Paulo e pesquisadora no Kavli Institute for the Physics and Mathematics of the Universe, no Japão, “vivemos um momento em que se abriu uma nova janela de observação para o universo”. 

O Brasil vem ganhando protagonismo nas investigações espaciais. Além de integrar projetos de telescópios de relevância científica como o Dark Energy Survey — colaboração de institutos de pesquisa e universidades de seis países —, em breve a comunidade científica vai inaugurar o primeiro telescópio com tecnologia de ponta brasileiro. “Temos um papel importante em muitos projetos, mas pela primeira vez o Brasil é o líder de um telescópio, o Bingo, situado no sertão da Paraíba”, diz Ferreira.

O mais antigo mistério sem solução da física, a matéria escura, faz parte dos assuntos investigados pela cosmologia. Os números impressionam: tudo o que vemos é só 4% do universo. Os outros 96% correspondem à parte escura do cosmos, uma junção de energia e matéria que não pode ser detectada pela luz e permanece desconhecida para a ciência. Mas como sabemos, então, que a matéria escura está lá?

“No universo, tudo que possui massa influencia a gravidade do sistema. Então, para medirmos a velocidade de cada estrela que gira ao redor do centro de nossa galáxia, devemos levar em conta a massa total desta galáxia. Mas quando o cálculo é feito, os dados não batem”, explica a pesquisadora. Colocando na equação apenas a massa visível, o resultado para a velocidade das estrelas é muito diferente do que observamos no espaço. “Para chegar a um resultado correto, o cálculo deve levar em conta uma quantidade de massa muito maior. Hoje sabemos que essa massa representa 85% da matéria que existe e não conseguimos enxergar, a matéria escura.”

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo

Esta matéria foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, os textos do blog Ciência Fundamental vão refletir sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil e a sua relação com outros temas de interesse público. O de hoje é sobre ciência e desenvolvimento tecnológico.

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