30/08/2018 03:55

Minimuseus levam ciência para mais perto das pessoas

  • Camp Serrapilheira
  • Divulgação científica

Fundadores do MICRO, dos EUA, participarão do Camp Serrapilheira

Os fundadores do MICRO, Amanda Schochet e Charles Philipp

Clarice Cudischevitch

Salas de espera em hospitais costumam ser ambientes de tédio, mas Amanda Schochet e Charles Philipp viram ali um potencial para compartilhar ciência de uma forma inovadora. Criadores do MICRO, que produz minimuseus interativos itinerantes, eles farão palestras públicas durante o Camp Serrapilheira, no dia 4 de setembro, no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro.

A ideia do MICRO é condensar, em uma espécie de totem de menos de 2 metros de altura, informações sobre assuntos científicos variados. Atualmente, a frota de museus portáteis explora dois temas inusitados. O Smallest Mollusk Museum fala sobre lesmas, caramujos e outros moluscos. Já o Perpetual Motion Museum aborda o movimento contínuo, passeando pela termodinâmica, geração de energia e outros tópicos da física.

Com os minimuseus, os criadores do MICRO buscam levar a ciência para perto das pessoas, de rodoviárias a hotéis. Não por acaso, a ideia surgiu em um hospital. “Nós estávamos presos em uma sala de espera, ansiosos, frustrados e entediados”, conta Charles Philipp, que é designer e sempre atuou em produção de mídia. “Eu folheava revistas antigas e as notícias passavam na TV. Pensamos que deveria haver uma maneira melhor de envolver as pessoas em espaços de passagem.”

Naquela mesma semana, Philipp contou à parceira, que é cientista e atua na área da ecologia computacional, que queria visitar o “menor museu” de Nova York (“smallest museum”) – uma instalação em um poço de elevador – e Amanda Schochet entendeu “museu de moluscos” (“mollusk museum”). “Foi aí que a ideia nos atingiu.”

O projeto começou a ser desenvolvido por diversão, em displays do tamanho de uma caixa de sapatos, que o casal compartilhou com amigos. Então, decidiram levar a ideia a sério. “Queríamos combinar nossas habilidades para construir um museu de ciências que todos pudessem entender e se envolver”, conta Philipp. “O conhecimento científico é pobre nos EUA. Os adultos fazem um enorme esforço para descrever princípios de ciência básicos. Acreditamos que nossos museus podem mudar isso.”

Os minimuseus do MICRO são um empreendimento colaborativo. O Smallest Mollusk Museum foi criado em consulta com mais de 30 cientistas de instituições como as Universidades de Stanford (EUA), a Hebraica de Jerusalém (Israel), a de Oxford (Reino Unido) e o Massachusetts Institute of Technology – MIT (EUA). “Conseguimos extrair as informações que queríamos para compartilhar em uma narrativa envolvente.”

Após um ano piloto bem-sucedido, a MICRO vai aumentar a frota do Smallest Mollusk Museum e vai lançar um terceiro minimuseu, dessa vez na área de química. “Tentamos encaixar toda informação e emoção possível em nossos museus, mas eles também precisam ser objetos funcionais e duráveis”, ressalta Philipp.

Para os criadores, contar histórias é a melhor maneira de atrair pessoas, especialmente para assuntos com os quais elas não estão familiarizadas. “Também queríamos criar objetos bonitos”, destaca o designer. “As crianças adoram o aquário holográfico do Smallest Mollusk Museum. Muitas vezes nos perguntam se os animais são reais.”
O museu de moluscos inclui, ainda, a primeira impressão em 3D de um cérebro de polvo feita no mundo, além de um livro e um áudio tour online, narrado pelo jornalista de podcasts Sean Rameswaram. “A experiência não precisa terminar com o museu”, diz Philipp.

Os fundadores do MICRO estão sempre à procura de novos locais para exibir os minimuseus. Diariamente, recebem mensagens de pessoas pedindo que as exposições sejam levadas às suas comunidades. Em Nova York, por exemplo, o Smallest Mollusk Museum é exposto em hospitais públicos, hotéis e shoppings. É, atualmente, o único museu de ciências no Bronx, um bairro popular.

“É fantástico ver tantas pessoas envolvidas e empolgadas com a ciência, que não precisa ser difícil ou intimidante”, acrescenta Philipp. “As crianças tendem a identificar o museu imediatamente e puxar seus pais. Ninguém espera ver uma engenhoca tão estranha em um hospital. Não importa se você está entediado, estressado ou apenas curioso, é bom aprender como funciona o cérebro de polvo. Queremos despertar um senso de curiosidade quando isso é menos esperado.”

Camp Serrapilheira

Lançado em abril, o programa incluiu edital para selecionar iniciativas brasileiras de divulgação científica a serem potencialmente patrocinadas pelo Instituto em 2019. Na primeira fase do Camp, 50 candidatos escolhidos apresentarão seus projetos e participarão de workshops com os representantes da Curiosity Machine, do Perimeter Institute, do Micro e Science Vs, de 5 a 7 de setembro, em evento fechado no Museu do Amanhã. Em seguida, até 20 dos candidatos serão selecionados para receber até R$ 100 mil de financiamento.

Participe do dia aberto do Camp Serrapilheira, em 4 de setembro! Inscreva-se em www.serrapilheira.org/camp.

Para saber mais, siga o MICRO no Facebook, Twitter, Instagram ou confira o site www.micro.ooo

O MICRO é apoiado pela Science Sandbox, uma iniciativa da Fundação Simons.