Se o mandato fosse um experimento científico, seus resultados preliminares seriam promissores
Por Hugo Fernandes
Se o mandato de governo federal fosse um remédio desenvolvido em quatro anos, poderíamos chamar os primeiros 30 dias de “ensaio pré-clínico”, uma fase que não permite conclusões robustas, mas é a primeira etapa para entender se um dia aquilo pode ou não dar certo. No “microscópio”, os dados preliminares sobre ciência e meio ambiente envolvem os quatro principais ministérios que orbitam essas pautas: Educação (MEC); Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Saúde (MS) e Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC).
Camilo Santana (MEC) – Depois de quatro anos de inércia e denúncias de corrupção envolvendo pastores e barras de ouro, o MEC agora é chefiado pelo ex-governador do Ceará, que chega com fortes credenciais em relação ao ensino básico, declaradamente seu foco prioritário. Das 20 primeiras posições no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), estão 10 municípios cearenses, incluindo o primeiro colocado, Sobral.
O petista, porém, terá mais dificuldades em provar tais credenciais no ensino superior, que concentra a maior parcela da produção científica brasileira. Embora a Universidade Estadual do Ceará esteja na 94ª posição global na Times Higher Education, tanto essa como outras duas universidades do estado enfrentam problemas estruturais, sobretudo nos campi do interior.
De todo modo, alguns movimentos já foram bem recebidos pela comunidade científica, como a nomeação da profa. Mercedes Bustamante (UERJ) para a presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), substituindo uma antecessora cuja qualidade curricular era bastante questionável, para dizer o mínimo. Inclusive, até o momento, o maior impacto midiático do MEC está no anúncio de reajuste nos valores das bolsas de pós-graduação da CAPES, congelados há mais de 10 anos.
Luciana Santos (MCTI) – A indicação da presidente do PCdoB recebeu muitas críticas, uma vez que o governo de Pernambuco em que ela atuou como vice encerrou as atividades com forte rejeição. Pesa também uma condenação, em 2019, por improbidade administrativa relacionada a seu período como prefeita de Olinda, em fase de apelação. Porém, a seu favor, constam sua experiência como secretária de Ciência e Tecnologia de Pernambuco (2009-10) e relatos de cientistas que atestam boa atuação da então vice-governadora para a melhoria da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE).
Como ministra, destacam-se até o momento a celebração de cooperação internacional com a Argentina e a nomeação de Ricardo Galvão para a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal órgão de fomento à pesquisa do país. Em 2019, o físico foi exonerado da direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pelo governo Bolsonaro, após se pronunciar contra o negacionismo sobre as queimadas na Amazônia. Assim como Camilo Santana, Santos também anunciou reajuste para as bolsas de pós-graduação do CNPq.
Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.
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