Alimentação em Pankararu: quais são as interações entre ecologia e cosmologia nas dinâmicas das comunidades animais, vegetais e tradição indígena alimentar?

Ciências da Vida

Elizângela Cardoso de Araújo Silva
Indígena do povo Pankararu, de Pernambuco, é doutora em serviço social

Em meio à caatinga, as práticas alimentares do povo Pankararu guardam histórias que atravessam gerações. Há 30 anos, na aldeia Bem Querer de Cima, a caça e a coleta ainda eram a base de uma alimentação que não apenas nutre o corpo, mas também reforça laços identitários e espirituais. Tatu-peba, mocó, preá, camaleão, tatu e tantas outras espécies sempre foram parte da tradição alimentar indígena da região. Nos últimos dez anos, observou-se uma redução da presença desses animais na mata ao redor das casas, mas, a partir de 2023, percebeu-se o retorno do mocó e preá nos roçados. O que explica essas mudanças?

Uma hipótese é a de que a incorporação de alimentos produzidos fora do território tenha possibilitado o retorno da reprodução de animais locais, por não serem mais a principal base alimentar daquele povo. Afinal, o consumo alimentar em Pankararu, antes baseado em caça e coleta, vem mudando com a inclusão de alimentos processados e industrializados produzidos fora do território. Mas o que acontece quando os sistemas alimentares mudam? Como essas mudanças interferem na tradição indígena alimentar? Quais são as causas e consequências sócio-ecológicas, culturais, econômicas?

O projeto buscará essas respostas explorando as relações entre ecologia e cosmologia Pankararu. Partindo de metodologias múltiplas associadas à entologia indígena e de uma abordagem colaborativa, participativa e respeitosa com as tradições indígenas daquele território, buscará compreender como as dinâmicas da biodiversidade, os rituais e os modos de vida se entrelaçam na alimentação Pankararu.

Recursos investidos
Grant 2024: R$ 100.000,00
Grant 2025: R$100.000,00

  • Temas
  • alimentação indígena
  • caatinga
  • cosmologia Pankararu
  • ecologia de comunidades