03/05/2021 05:11

Publicação científica: um mercado de luxo?

  • Blog Ciência Fundamental

Quem gastaria muito mais para ter seu artigo na Nature? Quase todo mundo

Arte: Catarina Bessell

Por Olavo Amaral

Uma das situações mais desafiadoras na carreira de um cientista é tentar explicar o sistema de publicação científica para as pessoas em geral. Como justificar que pesquisadores entreguem seu trabalho de graça a editoras estrangeiras, que lucram cobrando pelo acesso a ele? Ou que, além de não cobrar, eles às vezes paguem por isso?

Antes da internet, editoras comerciais eram necessárias para a divulgação de um trabalho científico: financiados por universidades ou governos, cientistas faziam pesquisa e atuavam como revisores de seus pares, delegando a tarefa de imprimir e distribuir artigos em papel a uma empresa que cobrava pelo produto de forma a manter o negócio viável.

A rápida migração online das revistas científicas na virada do século parecia anunciar mudanças: em 1995, a Forbes previu que a Elsevier, maior editora científica do mundo, seria a “primeira vítima da internet”. Passados 25 anos, o braço técnico-científico do grupo RELX, conglomerado multinacional no qual a editora se transformou, registra um faturamento anual de mais de 2,6 bilhões de libras, com margens de lucro entre 30 e 40%.

Tais custos são mantidos por bibliotecas universitárias e agências públicas ao redor do mundo, que pagam somas cada vez mais vultosas por artigos que suas próprias instituições produzem. No caso do Brasil, isso equivale a mais de 480 milhões de reais desembolsados pela CAPES nas assinaturas do Portal Periódicos em 2020.

absurdo de um sistema que bloqueia o acesso a pesquisa feita com dinheiro público tem gerado apoio crescente ao modelo de acesso aberto, em que cientistas pagam uma taxa única para cobrir os custos de publicação do artigo e mantê-lo disponível. Recentemente, a União Europeia anunciou o Plan S, que determina que toda pesquisa financiada pelo bloco deve ser publicada nesse formato –política já adotada por outros financiadores, com graus variáveis de sucesso.

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.

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