Chamadas são voltadas a pesquisadores vinculados a instituições de ensino e pesquisa e a pós-docs negros e indígenas sem vínculo; inscrições vão até 2 de dezembro
O Instituto Serrapilheira anunciou nesta segunda-feira (27) duas novas chamadas públicas de apoio a até 14 jovens cientistas, com investimento de R$ 7,3 milhões. Um dos editais é voltado a pesquisadores das áreas de ciências naturais, matemática e ciência da computação, com vínculo permanente a instituições de ensino e pesquisa, e outro é voltado a pós-doutorandos negros e indígenas da área de ecologia, sem vínculo empregatício. As inscrições vão até 2 de dezembro. A íntegra dos dois editais pode ser consultada aqui.
O principal objetivo das chamadas é criar condições para que pesquisadores consigam desenvolver projetos inovadores com autonomia, flexibilidade e abertura ao risco, ampliando o potencial de suas pesquisas. Outro pilar importante é ampliar a inclusão de jovens cientistas negros e indígenas em posições de destaque na academia.
Embora lançados juntos, os editais têm características diferentes. Na 9ª chamada pública de apoio à ciência, o foco da seleção são cientistas em início de carreira com projetos nas áreas de ciências naturais (ciências da vida, física, geociências e química), matemática e ciência da computação. Já a 4ª chamada de apoio a pós-docs negros e indígenas em ecologia, feita com apoio da Fapesb (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia), é exclusiva para pós-doutorandos na área de ecologia.
O Serrapilheira considera que o risco é bem-vindo na ciência. Por isso, os candidatos das duas chamadas devem detalhar os elementos de risco em seus projetos. Os editais explicam cinco dimensões de risco científico: 1) relacionados à hipótese; 2) à abordagem ou metodologia; 3) à interdisciplinaridade; 4) projetos exploratórios; e 5) que buscam fazer uma síntese teórica. Os editais também aceitam projetos que não contenham nenhum dos elementos listados, mas que o candidato considera fora da caixa, de alto risco e alto impacto.
“Nesta edição, reforçamos nossa abertura ao risco e fomos ainda mais explícitos sobre os elementos que o compõem”, explica Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Serrapilheira. Queremos financiar projetos que podem ‘dar errado’, mas que miram em responder a grandes questões e têm a chance de fazer contribuições significativas para suas áreas. É uma oportunidade para o candidato pensar em ideias diferentes que questionem o conhecimento científico atual, abram novas perspectivas de avanço ou aprofundem o entendimento em seus respectivos campos de pesquisa.”
Aguilaniu também ressalta a importância da parceria com a Fapesb, que acontece pelo segundo ano. “Esta é a quarta edição da nossa chamada exclusiva para cientistas negros e indígenas. Pode parecer uma iniciativa consolidada, mas, na verdade, ela não acontece sem parcerias. Por isso, ficamos felizes em ver uma FAP que compartilha da nossa missão de inserir mais pessoas de grupos sub-representados na academia.”
A seleção abrange duas fases. Na primeira, os candidatos devem enviar uma pré-proposta e responder a perguntas sobre seus projetos de pesquisa. Os selecionados para a segunda etapa terão novo prazo para submeter as propostas completas e passarão por entrevistas. O resultado final será divulgado em junho de 2026. Confira abaixo um resumo de cada chamada:
9ª chamada pública de apoio à ciência
A 9ª chamada pública de apoio a jovens cientistas vai selecionar até dez pesquisadores em início de carreira, com vínculo permanente a uma instituição de pesquisa, e que atuem em matemática, ciência da computação e ciências naturais (ciências da vida, física, geociências e química) ou áreas interdisciplinares. A proposta de pesquisa deve buscar responder a uma pergunta fundamental — ou seja, deve questionar o conhecimento científico atual, abrir perspectivas de avanço ou aprofundar o que se sabe em cada área. Veja o edital.
Cada selecionado no edital receberá de R$ 200 mil a R$ 450 mil ao longo de cinco anos. Também há a opção de obter recursos extras por meio do bônus da diversidade, para investir na formação e inclusão de pessoas de grupos sub-representados em suas equipes. O valor do bônus vai depender da ação de inclusão a ser desenvolvida e poderá chegar a 30% do orçamento original aprovado para o desenvolvimento da pesquisa.
Os candidatos devem ter concluído o doutorado e terem sido contratados pela primeira vez como professores ou pesquisadores entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2025, com extensão de até dois anos para mulheres com filhos.
“A aprovação no edital do Instituto Serrapilheira foi um marco decisivo para minha carreira e pesquisa. Ser grantee proporcionou uma visibilidade fundamental e o financiamento permitiu a consolidação do meu grupo de pesquisa em seu estágio ainda inicial”, relata Bárbara Amaral, professora do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e que pesquisa a criptografia quântica, e aprovada na 4ª chamada regular de apoio à ciência. “O apoio também chegou em um dos momentos mais delicados da minha trajetória profissional: a licença-maternidade e o retorno ao trabalho.”
Em 2021, o Serrapilheira firmou parceria com o Confap, conselho que representa fundações estaduais de amparo à pesquisa, para o possível financiamento conjunto dos selecionados. Portanto, o valor oferecido pode aumentar após a seleção, a depender dos estados dos escolhidos e a potencial participação das FAPs parceiras no edital.
4ª chamada de apoio a pós-docs negros e indígenas em ecologia
Lançada em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), a 4ª chamada pública conjunta de apoio a pós-docs negros e indígenas em ecologia vai selecionar até quatro pós-doutorandos para desenvolver suas pesquisas na Bahia. Os aprovados receberão até R$ 525 mil para investir em seus projetos ao longo de três anos, além de uma bolsa mensal de R$ 5.200. Veja aqui o edital.
O objetivo é financiar novas linhas de pesquisa em ecologia formuladas por pós-docs negros ou indígenas que almejam obter, em médio prazo, uma posição formal de professor ou pesquisador. A exclusividade a grupos sub-representados na academia tem como objetivo aumentar a representatividade e diversidade na ciência brasileira.
Handerson Leite, diretor-geral da Fapesb, lembra que a Bahia é o estado mais negro do Brasil e com população considerável de indígenas. “Temos atuado com grupos sub-representados por meio, por exemplo, de editais voltados a estudos de doenças que acometem a população negra e povos e comunidades tradicionais, como doença falciforme, além de outros voltados para empreendedorismo de mulheres, de pessoas negras e povos tradicionais. A continuidade dessa parceria com o Serrapilheira traz a possibilidade de realizar estudos avançados e romper barreiras. Buscamos ampliar, assim, a ação de grupos sub-representados, possibilitando destaque cada vez maior no cenário científico e tecnológico da Bahia e do Brasil.”
Os selecionados devem ter concluído o doutorado entre janeiro de 2015 e 30 de junho de 2026 (com extensão de até dois anos para mulheres com filhos), e não podem ter vínculo empregatício formal com instituições de pesquisa no momento da assinatura do contrato. Serão contempladas propostas que movimentam pessoas e ideias entre grupos de pesquisa. Ou seja: cientistas escolhidos devem integrar grupos de pesquisa nos quais não tenham nem se formado nem atuado antes. Os projetos serão conduzidos em universidades e centros de pesquisa da Bahia, mas parte das atividades, como trabalhos de campo ou pesquisas colaborativas, pode ser feita em outros estados e no exterior.
O pesquisador potiguara Victor Félix, pós-doc no Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina/Fiocruz, entrou como grantee na primeira chamada exclusiva a pessoas negras e indígenas em ecologia com projeto que integra etnopedologia e conhecimentos indígenas do seu território para estudar o solo. Para ele, o edital “foi uma grande oportunidade”. “Sou indígena da Paraíba. Poder desenvolver uma pesquisa que surgiu da minha própria mente, com o apoio de grandes instituições, e sendo representante de um grupo ainda pouco inserido na academia, teve um significado profundo para minha vida e carreira na ciência.”
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