A complexa dança entre as diferentes forças que governam a natureza
Por Douglas Galante
O texto abaixo responde à pergunta de Cora Weisner, 10 anos, para a série “Perguntas de criança, respostas da ciência”
Ao nos perguntarmos como surgiram os seres vivos, partimos do pressuposto de que uma entidade os criou. Mas, apesar de grande parte das religiões serem fortemente embasadas em mitos de criação, com entidades sobrenaturais que criaram a natureza, o Universo e os seres vivos, não é isso que a ciência tem nos mostrado. O Universo prescinde de um criador, bastam leis naturais bem ajustadas de modo a permitir que a vida surja e evolua espontaneamente, em locais onde algumas condições mínimas sejam satisfeitas.
A discussão sobre a origem dos seres vivos no planeta é muito antiga, e talvez uma das primeiras reflexões científicas sobre o tema tenha surgido com o filósofo grego Tales de Mileto (639-544 a.C.). Ao tentar separar a discussão mitológica de uma mais racional e geral, ele fez uma observação importante. Tales notou que a água era abundante no planeta, e que a existência de todos os seres vivos (na época, animais e plantas, pois não se conhecia o mundo microbiano) parecia depender dela. Assim, postulou que a vida deve ter se originado a partir da água, e todo organismo dela privado morreria. Hoje sabemos que isso não é totalmente correto nem completo, mas tal postulado já trouxe uma noção muito moderna da vida, centrada em observações do mundo real e não em especulações filosóficas ou mitológicas.
A ciência tem se debruçado sobre essa difícil pergunta partindo de duas abordagens principais: de cima para baixo (top-down) e de baixo para cima (bottom-up). Em ambas, o naturalista britânico Charles Darwin teve um papel fundamental. Um dos primeiros cientistas a recolher informações de maneira sistemática e ampla sobre a diversidade da vida, vivente ou fóssil, ele fez uma síntese da vida no planeta que acabaria resultando em sua teoria da evolução, uma das mais clássicas aplicações do estudo de cima para baixo, ou seja, partindo do que é conhecido atualmente e inferindo o passado. Hoje, com base em modernas informações genéticas, sabemos que há uma forte chance de sermos todos descendentes do mesmo antepassado, o Último Ancestral Universal Comum ou LUCA, da sigla em inglês Last Universal Common Ancestor. Provavelmente um microrganismo que viveu nos mares primitivos e que mais tarde se diversificaria.
Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.
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