07/05/2021 02:11

Como as memórias climáticas nos ajudam a prever o futuro

  • Blog Ciência Fundamental

Que histórias os oceanos podem nos contar?

Ilustração: Lívia Serri Francoio

Por Renata Nagai

“Viva o presente, planeje o futuro e esqueça o passado: o que passou, passou.” Quantas vezes não nos deparamos com esse tipo de conselho (sobretudo em anúncios publicitários)? Vivemos numa sociedade que vive o presente, olha para o futuro imediato e faz vista grossa para o passado. Mas quando topamos com uma situação nova, é a soma de nossas experiências que molda nossa reação e nos torna capazes de adaptação. Os cientistas climáticos aplicam essa mesma lógica para melhorar nossa capacidade de previsão, reação e adaptação às mudanças climáticas globais que devem ocorrer nos próximos oitenta anos: olhando para o clima no passado. Mas onde estão armazenadas essas informações e como é possível acessá-las?

Assim como nossas memórias pessoais não se situam em apenas uma parte do cérebro, os arquivos climáticos são armazenados em diferentes locais no registro geológico –estão nos anéis de crescimento de árvores, nas camadas de gelo, nas calotas polares e nas montanhas, nos sedimentos depositados no oceano profundo. Cada arquivo desses representa isoladamente um ponto no espaço, com latitude e longitude, e guarda informações de diferentes condições ambientais e em fatias de tempo distintas. Até pouco tempo atrás, a organização temporal e a obtenção de dados desses arquivos ainda representavam grandes desafios. Hoje os avanços tecnológicos e analíticos nos permitem determinar de forma confiável o momento de ocorrência de eventos climáticos e quão quente ou fria estava a temperatura do planeta.

Na última década, a comunidade científica procurou desenvolver ferramentas estatísticas aptas a unificar as memórias do clima recuperadas de diferentes fontes. Como se cada registro fosse uma célula piramidal, guardando partes específicas da memória do clima, e a conexão entre estes arquivos formasse uma espécie de rede neural, permitindo aos cientistas acessar em escala global a resposta do clima a mudanças naturais ou geradas pelo homem. Essas novas sínteses contemplam momentos específicos do passado: o passado recente, anterior à Revolução Industrial, e o passado pretérito, de milhões de anos atrás, quando a concentração de CO2 na atmosfera foi semelhante ao que é projetado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100.

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo.

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