Acompanhar o projeto – e o que deu certo e errado nele – é uma etapa fundamental da relação de confiança e parceria que estabelecemos

Cristina Caldas em conversa com o grantee Narcizo Neto no 2º Encontros Serrapilheira, em 2018

Por Cristina Caldas

Acabamos de anunciar o resultado de mais uma chamada pública de apoio à ciência do Serrapilheira. Receber em nossa rede uma nova turma de jovens cientistas tão talentosos é sempre uma das melhores partes do trabalho que fazemos. Mas o que acontece depois?

A partir do momento em que um jovem cientista é selecionado para receber aporte financeiro do Instituto Serrapilheira, estabelece-se uma relação de confiança e parceria entre os beneficiários e a equipe executiva do instituto.

Oferecemos flexibilidade seja no modo como os recursos financeiros são utilizados, seja na execução técnica do projeto. Reconhecemos que ajustes nos planos de pesquisa são parte do processo científico e, por isso, confiamos na decisão dos cientistas quanto a novos direcionamentos a seus projetos, se necessário.

Apoiamos mais amplamente o desenvolvimento da carreira dos jovens cientistas, oferecendo workshops e treinamentos que colaborem em suas formações como líderes científicos. Por isso, estamos interessados não apenas na progressão do projeto selecionado inicialmente, mas também nos marcos da evolução de suas carreiras e dos membros de suas equipes: se participam de redes internacionais de colaboração, ganham prêmios, proferem palestras como keynotes, entre outros.

No caso do acompanhamento da progressão do projeto, pedimos que os cientistas nos apresentem um relato cronológico sobre as principais atividades, resultados, decisões tomadas ao longo do caminho, o que deu errado, mudanças em suas hipóteses e abordagens, se for o caso. Queremos, assim, captar os variados elementos que compõem o “fazer ciência”: fontes de inspiração, problemas enfrentados, competições, racional nas tomadas de decisão, entre tantos outros.

São raros os espaços onde essa completude do processo científico pode ser compartilhada. Nos artigos científicos, principal canal de comunicação dos cientistas com seus pares, apenas uma fatia do processo é apresentada: a dos resultados alcançados. Poucos costumam saber como foi o caminho sinuoso até ali.

Acreditamos que uma aproximação entre o Serrapilheira e esse “diário de bordo” dos cientistas que apoiamos torna o acompanhamento rico e aprimora as condições de pesquisa. Também contribui para o aperfeiçoamento dos nossos próprios processos e de projetos futuros de apoio a jovens cientistas no Brasil.