01/09/2022 07:24

A corrida para criar um observatório da saúde do planeta

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Cientistas desenham plano ambicioso para monitorar todas as espécies do mundo

Ilustração: Valentina Fraiz

Por Sofia Moutinho

Da comida que comemos ao ar que respiramos, nossas necessidades básicas são providas pela incrível variedade de animais, plantas, fungos, bactérias e protozoários. Mas essa biodiversidade está ameaçada: estamos à beira de uma sexta extinção em massa. Espécies estão desaparecendo a uma taxa mil vezes maior que nunca antes na história do planeta – mais veloz que a causada pelo meteoro que dizimou os dinossauros há 66 milhões de anos. E a culpa é de uma espécie: o Homo sapiens, que vem destruindo habitats, poluindo a atmosfera e causando um aquecimento global. 

A proximidade da fase final de negociações de um novo acordo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), a ser apresentado na Conferência sobre Biodiversidade da ONU (COP15) em dezembro, no Canadá, dá um empurrão extra na comunidade científica para frear esse cenário. 

O rascunho do novo acordo, chamado Marco Global para a Biodiversidade Pós-2020, é ambicioso e prevê alvos como diminuir a taxa de extinção de espécies em dez vezes, aumentar em 5% a área de ecossistemas preservados, e conservar até 90% da diversidade genética de todas as espécies, até 2050. Mas a verdade é que a maior parte dos países, incluindo o Brasil, não tem sistemas oficiais de monitoramento da biodiversidade para guiar e acompanhar essas metas. 

“Esperamos obter metas ambiciosas, mas na realidade não podemos estimar com segurança nosso progresso”, diz Andrew Gonzalez, biólogo da Universidade McGill, no Canadá, e copresidente da Rede Global de Observação de Biodiversidade (Geobon), uma instituição sem fins lucrativos parceira da CDB. 

Nas últimas duas décadas, Gonzalez e outros cientistas ligados à Geobon têm criado redes regionais de monitoramento de biodiversidade em diferentes biomas e ecossistemas do planeta. Para coletar esses dados, são usadas diferentes abordagens, desde trabalhos de campo até análise de imagens de satélite e, mais recentemente, a revolucionária tecnologia de DNA ambiental, que identifica com precisão traços genéticos de todas as espécies em uma amostra.  

Mas essas redes de monitoramento ainda são escassas e fragmentadas. Não existe hoje nenhum esforço global e integrado para monitorar a biodiversidade do planeta. Agora, Gonzalez e cerca de outros 50 cientistas pretendem mudar esse cenário. O grupo se reuniu a portas fechadas no Fórum Mundial de Biodiversidade, mês passado, na Suíça, a fim de estabelecer um plano para criar um sistema global de monitoramento da biodiversidade. 

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo

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