10/06/2021 01:39

Biodiversidade brasileira, uma recompensa desconhecida

  • Blog Ciência Fundamental

Oitenta por cento das espécies do planeta ainda não têm nome

Ilustração: Maria Palmeiro

Por Mario Moura

Imagine se 80% das pessoas do planeta não possuíssem nome. Provavelmente teríamos muita dificuldade em nos comunicar, um simples diálogo sobre a parentela poderia ser um verdadeiro problema: “Você é filho de quem?” “Eu sou filho da… sobrinho do… irmão do… É, não sei dizer!”.

Percebeu o drama? Pois é isso o que acontece com a nossa biodiversidade. Embora estima-se que existam cerca de 10 milhões de espécies no planeta, menos de 20% delas possuem nome próprio, isto é, foram formalmente descritas pela ciência. Sem a descrição formal dessas espécies ainda desconhecidas, permanecemos ignorantes sobre os possíveis valores ecológicos, serviços ecossistêmicos e relevância econômica que elas possam apresentar, seja na saúde, produção de alimentos, polinização, seja como pestes invasoras ou vetores de doenças. Em um estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution, mapeamos as regiões do planeta que abrigam o maior número de espécies desconhecidas.

Mas se são desconhecidas, como foi possível mapeá-las? Existem características das espécies que podem facilitar ou dificultar a sua descoberta na natureza. Algumas espécies foram nomeadas há mais de 200 anos, como a ema, ave de grande porte que é distribuída por quase toda América do Sul. Outras são verdadeiras miniaturas e ocorrem em locais remotos, como o sapinho-pingo-de-ouro descrito no final de abril. Tamanho do corpo, área de distribuição geográfica e outras características podem ser reunidas para construir modelos matemáticos que informam o percentual de espécies conhecidas em diferentes regiões do planeta.

Sabendo o percentual de espécies conhecidas para uma dada região, e também o número de espécies conhecidas, pode-se aplicar uma simples regra de três para encontrar a quantidade total de espécies esperadas. O próximo passo é ainda mais simples, basta subtrair o número de espécies conhecidas desse total estimado. A quantidade que sobra é, justamente, o número estimado de espécies desconhecidas.

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo. 

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