06/09/2018 04:33

Brasil precisa levar a ciência aos mais jovens, dizem divulgadores

  • Camp Serrapilheira
  • Divulgação científica

Projetos foram apresentados no Laboratório de Atividades do Amanhã, no Camp Serrapilheira

Foto: Filipe Costa/ Agência Rastro

Sergio Torres

Iniciativas dedicadas a estimular o interesse pela ciência por parte de crianças e adolescentes foram destaque na manhã desta quinta-feira (6) no Museu do Amanhã, onde acontece, desde terça-feira (4), o Camp Serrapilheira.

Os seis projetos apresentados no LAA integram os 50 selecionados em chamada pública pelo Camp, com foco em divulgação científica.

A física Elis Sinnecker, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre o “Tem Menina no Circuito”, projeto cuja proposta é incentivar crianças do sexo feminino a seguir alguma carreira de ciência exatas e divulgar a ciência para o público infantil. “Por que são tão poucas? Esta é uma preocupação em vários lugares do mundo. Temos alguns diagnósticos, como a falta de modelo [mulheres na ciência] e os estereótipos na infância/adolescência e na academia”, observou a especialista.

Neste ano, o projeto já realizou oito oficinas na Casa da Ciência da UFRJ e cinco no Museu do Amanhã. “Nossos alvos são regiões de baixa renda, para a realização de oficinas gratuitas, para pessoas sem condições financeiras”, disse Elis.

O projeto “Olabi Makerspace” foi apresentado pela universitária Ana Carolina da Hora, que estuda Ciência da Computação na PUC-RJ. “Senti um incômodo com o fato de não haver muitas mulheres no início da carreira. E mulheres negras. Comecei a procurar no Rio um lugar em que pudesse aprender a compartilhar o que gosto de fazer. Conheci o Olabi, que se propõe a democratizar a tecnologia.” Ana Carolina criou ainda o projeto “Computação sem Caô”, onde procura “desmistificar” dos temas da área. “O pensamento computacional dever ser ensinado para todos, não só para cientistas”, sustentou ela, que falou ainda sobre o projeto Preta Lab, que visa incentivar a presença de mulheres negras na ciência.

Fundadora do Ideareal Biolab, a bióloga Liza Vilela, professora-adjunta do Departamento de Bioquímica da UFMG, dedicou parte de sua explanação à biologia sintética, da qual é “divulgadora e entusiasta”. A biologia sintética combina princípios da engenharia e da biologia. Um dos exemplos citados pela acadêmica é o estudo para a criação de um vaso sanitário “inteligente”, equipado com aparelho para fazer a análise clínica de fezes e urina. O resultado seguirá diretamente ao médico que prescreveu os exames. “O laboratório é aberto à comunidade. Um espaço onde encontramos pessoas com as mesmas afinidades e dispostas a desenvolver ideias. O ambiente compartilhado por pessoas de diferentes áreas é um ambiente de oportunidades”, concluiu ela.

Julia Cavazza, do Alquimétricos. Foto: Filipe Costa/ Agência Rastro

A bailarina e designer Julia Cavazza apresentou o projeto Alquimétricos, que trabalha com brinquedos A bailarina e designer Julia Cavazza apresentou o projeto Alquimétricos, que trabalha com brinquedos ecotecnológicos.

“Os brinquedos devem ser acessíveis a todos. Nós nos concentramos em brinquedos didáticos. Realizamos oficinas, workshops de fabricação de brinquedos construtivos, feitos com material reciclado. O propósito é democratizar o acesso aos ensinamentos didáticos”, afirmou ela.

Colíder do Ignite-Projetos Abertos em Divulgação Científica, a bióloga Gracielle Higino contou à plateia que a iniciativa se sustenta em três pilares: entendimento, compartilhamento e participação e inclusão. “O Ignite quer fornecer treinamento para façam a divulgação científica da forma mais divertida e flexível possível”, afirmou ela, para quem o Ignite propicia a troca de experiências entre quem sabe e quem desconhece.

Zélia Ludwig, do para Meninas Negras na Ciência. Foto: Filipe Costa/ Agência Rastro

O projeto Para Meninas Negras na Ciência foi criado pela física Zélia Maria Ludwig, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O objetivo, disse ela, é “incentivar, inspirar e encorajar meninas a seguir uma carreira acadêmica”. Zélia falou sobre sua origem humilde. O pai mecânico, “peão de fábrica”, a estimulou na curiosidade de saber como as coisas funcionam.

“A ciência mudou minha realidade, mudou minha vida”, sentenciou. De acordo com a professora, “é preciso aumentar o interesse das crianças pelas ciências, despertar a curiosidade delas, estimular jovens cientistas e incentivar a reflexão dos estudantes da educação básica.”