03/08/2020 09:12

Conheça os projetos em Covid-19 apoiados pelo Serrapilheira

  • Covid-19

Última atualização: 10 de dezembro de 2020

O combate à Covid-19 demanda resposta rápidas. É essencial que iniciativas que contribuem para a solução do problema recebam um apoio financeiro ágil e flexível. Por isso, logo após a Organização Mundial da Saúde declarar a pandemia em março, o Serrapilheira criou um fundo emergencial para dar suporte a projetos de pesquisa e de divulgação científica dedicados ao enfrentamento do novo coronavírus.

Na ciência, apoiamos estudos que buscam obter dados fundamentais para embasar medidas de combate à epidemia, como o número real de infectados. Na divulgação científica, financiamos iniciativas que promovem informações confiáveis sobre a Covid-19. Oferecemos um total de R$ 3,3 milhões a seis projetos, além de um suporte direto para ações de comunicação, articulação com o poder público e colaborações interdisciplinares. Conheça os projetos apoiados e alguns resultados:

Pesquisa científica
Ciência

ModCovid19: Modelos matemáticos para otimizar o distanciamento social
atualização: 30/11/20

O projeto, coordenado pelo pesquisador Tiago Pereira da Silva, do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria da Universidade de São Paulo (Cemeai/USP-São Carlos), desenvolveu um modelo que permite simular quando, por quanto tempo e qual o nível de distanciamento deve ser implantado em cada localidade, a fim de evitar o colapso do sistema de saúde.

Isso porque o distanciamento social tem um papel fundamental no controle da propagação do novo coronavírus na população. No entanto, os protocolos adotados preveem um distanciamento uniforme para todas as cidades de um estado. Seus efeitos podem ser potencializados e, ao mesmo tempo, seus impactos sociais e econômicos reduzidos se tais medidas levarem em conta as particularidades de cada cidade ou região. Saiba mais no site.

Recursos investidos:
R$ 522.081,00

Resultados parciais:
O ModCovid19 avançou em quatro frentes de trabalho interligadas:

1) Robot Dance: controle inteligente de quarentenas
Em três meses, possibilitaram a aplicação da ferramenta para centenas de regiões/ cidades e fizeram contato com gestores públicos:
– o ModCovid19 foi incorporado ao Comitê de Modelagem do Estado de SP;
– o grupo auxiliou o Instituto Impulso nas sugestões para gestores públicos em relação à subnotificação de casos e cálculo do número de reprodução, a partir da ferramenta Farol Covid;
– o professor da UFAL Sérgio Lira, do ModCovid19, se tornou membro do Comitê de Crise do Nordeste;
– a ferramenta foi apresentada aos Conselhos Nacionais de Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde (Conass e Conasems).
– o trabalho foi submetido para publicação e está disponível aqui.
– os códigos podem ser acessados aqui.

2) Sistemas inteligentes para redes municipais
Liderado por Krerley Oliveira (UFAL), o grupo trabalhou junto à Associação de Municípios de Alagoas para implementar a ação, que atinge diretamente 100 mil habitantes. Alguns destaques obtidos:
– Sistema de Monitoramento Clínico (SMC): em uso em Maragogi/AL e em implantação em mais três municípios do estado. Além da coleta de dados, o software implementou algoritmos de classificação de casos (suspeitos, confirmados, recuperados, descartados) e geolocalização de endereços dos atendimentos;
– Sistema de Regulação Hospitalar: desenvolvido em colaboração com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL);
– redes parentais semi-automatizadas de contágio baseadas em atendimentos do SMC: grafo automático de contactantes para preenchimento de relações familiares.
– Foram criados robôs para exportar os dados coletados no SMC e importar dados dos softwares governamentais (e-SUS VE, Censo Escolar, Bolsa Família e Programa saúde da família) em uma base de dados única. A partir dessa base, pacientes com sintomas e seus contatos próximos fazem testes PCR desde outubro. Alguns pacientes assintomáticos já foram confirmados e alguns casos de reinfecção estão sob análise. Esses resultados foram apresentados em congressos, inclusive com premiação no Congresso Internacional de Tecnologia na Saúde (Conites), na categoria “aplicativos para a saúde”.

3) COMORBUSS: simulador de Covid-19 e medidas de contenção
O software COMORBUSS foi desenvolvido com o objetivo de buscar medidas eficientes e seguras de contenção da pandemia, mas considerando as diferentes realidades e necessidades das comunidades:
– foi criado um modelo de dinâmica social, definida por padrões de utilização de serviços, para simular diretamente as intervenções sobre as atividades da comunidade e estimar seus efeitos na propagação viral;
– experimentação do software utilizando dados detalhados de Maragogi (AL) para buscar critérios biossociais para risco de contágio e desenvolver, assim, protocolos mais eficientes de testagem e vacinação. A meta é realizar estudos semelhantes em São Carlos e Manguinhos.
– os primeiros resultados após intensa calibração elucidaram o papel da feira livre de Maragogi na propagação do vírus.

4) Base de dados da Fapesp
– a Fapesp tornou públicas três bases de dados contendo informações de pacientes internados com suspeita de Covid-19. As bases contêm, além dos resultados de exames PCR, IgM, IgG, IgA, resultados de outros exames como hemogramas, diabetes e colesterol. O grupo está cruzando essas bases com dados nutricionais e alimentar da população de São Paulo;
– o problema com as bases é a falta de padronização na descrição dos exames, o que dificulta o uso dos dados. O grupo está desenvolvendo uma metodologia baseada em Processamento de Linguagem Natural para padronizar os dados de forma automatizada e unificar as três bases. Após a uniformização, esses dados se tornarão públicos;
– os dados também ajudam a alimentar o COMORBUSS.

 

EPICOVID19: Evolução da prevalência de infecção por Covid-19 no Rio Grande do Sul e no Brasil
atualização: 10/12/20

Conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas e coordenado pelo epidemiologista e reitor da UFPel, Pedro Hallal, este é o primeiro estudo brasileiro que investiga o número real de infectados pelo novo coronavírus. Isso porque os casos notificados não refletem a real prevalência de Covid-19 na população, já que pessoas com sintomas mais graves têm uma maior probabilidade de realizar o teste. Para identificar a magnitude do problema, é necessário que se tenha dados de uma amostra representativa da população, e não apenas de pessoas mais prováveis de testar positivo para o vírus.

Uma das principais inovações do projeto é a realização de várias rodadas de inquéritos, ou seja, os dados são levantados periodicamente. Isso possibilita uma visão não estática sobre o estado da infecção em cada local, permitindo que se observe sua evolução.

O levantamento teve início em abril no Rio Grande do Sul, junto ao governo do estado. Tem o apoio de outras 12 universidades públicas e privadas e financiamento da Unimed Porto Alegre e Instituto Cultural Floresta, além do Serrapilheira. Contou, ainda, com a participação do Ministério da Saúde para sua replicação em nível nacional. Saiba mais no site.

Recursos investidos
R$ 1.500.000,00

Epicovid19 no Rio Grande do Sul
O objetivo do estudo é estimar o percentual de gaúchos infectados pela Covid-19; avaliar a velocidade de expansão da infecção; fornecer indicadores precisos para cálculos da letalidade e determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas. O estudo também levanta dados sobre as práticas de distanciamento social dos indivíduos.

– Serão testadas e entrevistadas 36 mil pessoas ao todo, em oito etapas de coleta de dados
– 9 cidades participantes: Porto Alegre, Canoas, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Ijuí, Uruguaiana e Pelotas.
– O banco de dados com os resultados dos inquéritos está disponível publicamente no site do Epicovid19.

Epicovid19 no Brasil
No estudo nacional, foram realizadas quatro fases de testes em 133 cidades no Brasil, entre 14 de maio e 28 de agosto, com apoio do Ministério da Saúde para as três primeiras fases e do Todos pela Saúde e Fapesp para a fase 4. Ainda não há previsão para as fases 5 e 6.

Resultados parciais:
– um dos destaques é a diferença entre o número de casos oficiais e o número de pessoas na população que já tiveram contato com o vírus: o número de infectados foi cerca de seis vezes maior que o divulgado oficialmente, com base nos resultados das três primeiras fases da pesquisa nacional.
– também chamou a atenção a prevalência maior da infecção entre indígenas e pessoas negras.
– Pessoas testadas: 120 mil
– Taxa de prevalência:
1ª fase: 1,9% | 2ª fase: 3,1% | 3ª fase: 3,8%

Publicações:
– os dados do Epicovid19 foram base de uma reportagem especial interativa do NY Times sobre a expansão da epidemia na Amazônia;
9 artigos científicos sobre o Epicovid19:
6 publicados: Nature Medicine | Ciência e Saúde Coletiva I | Ciência e Saúde Coletiva II | The Lancet Global Health | Revista de Saúde Pública| Pan American Journal of Public Health
3 submetidos: Sintomatologia da Covid-19 no Brasil (Travel Medicine and Infectious Diseases) | Estudo de validação do teste Wondfo (PLOS Medicine)  | Vacinação infantil e Covid-19

 

Resposta imune ao SARS-CoV-2 em pacientes brasileiros
atualização: agosto 2020

O projeto, coordenado pelo virologista da UFRJ Amílcar Tanuri, busca entender como se dá a resposta imune de pacientes brasileiros à infecção por SARS-CoV-2. Para isso, analisa especificamente a coorte de profissionais de saúde, que apresenta um alto risco de exposição ao novo coronavírus. O grupo responsável pelo estudo também é composto pelos professores Orlando Ferreira Junior, André Vale, Luciana Costa e Ronaldo Mohana.

Chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da UFRJ, o médico e doutor em genética Amílcar Tanuri é uma das maiores referências brasileiras na área. Ao longo dos anos, estudou principalmente o HIV, sua diversidade genética e a resistência do vírus aos fármacos – desde 2000, Tanuri é consultor da Organização Mundial da Saúde para a HIV ResNet, a rede de pesquisa sobre a resistência do HIV às drogas. O virologista também vem estudando, desde 2015, o vírus da Zika.

Recursos investidos:
R$ 1.091.000,00

Resultados parciais:
– 5.720 amostras de 4.180 indivíduos provenientes do Centro de Testagem/Triagem COVID-19 da UFRJ

– amostras testadas com o ELISA ptn-S:

resultado negativo: 692 amostras
resultado positivo: 2.849 amostras (1.781 indivíduos)
sem resultado: 2.179 amostras (ainda serão testadas)

– desenvolvimento de um teste sorológico de baixo custo (cerca de R$ 5 por amostra) e alta sensibilidade (superior aos testes rápidos) para estudos de vigilância epidemiológica. Se os órgãos públicos testarem 10 milhões de brasileiros nos próximos meses, a economia seria de cerca de R$ 1 bilhão;

– O ensaio é utilizado pelo grupo de estudos de Covid-19 da UFRJ – já foram testados mais de 1.000 pacientes;

– também vem sendo realizado um estudo da resposta imune humoral e a dinâmica dos linfócitos B potencialmente produtores de anticorpos específicos para as proteínas virais (S, RBD e NP), durante a infecção por SARS-CoV-2, relacionando com o perfil de soroconversão, quantificando e isolando os linfócitos B específicos;

– o grupo obteve sucesso na padronização de uma cultura de clonagem de linfócitos B humanos e conseguiu caracterizar a frequência de clones de linfócitos B secretantes de imunoglobulinas específicas para a proteína S e RBD em seis pacientes selecionados da coorte. Também conseguiram isolar anticorpos monoclonais específicos (para S e RBD) de 2 pacientes. Esses anticorpos foram submetidos para ensaios de neutralização desenvolvidos pela Dra. Luciana Costa;

– artigo disponível como preprint submetido ao The Lancet Infectious Diseases.

Parceria com IDOR: apoio a colaborações interdisciplinares

O Serrapilheira e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) firmaram uma parceria para investir juntos e promover a colaboração interdisciplinar em cinco pesquisas voltadas ao entendimento e à busca de soluções para a Covid-19. Os projetos se inserem em três grandes áreas: biologia viral, modelos matemáticos e imunologia. Fazem parte desta colaboração o ModCovid19, o estudo liderado por Amílcar Tanuri e outros projetos. Saiba mais.


Divulgação científica

Atila Iamarino: Informações sobre a pandemia nas mídias digitais
atualização: agosto 2020 – término do apoio

A partir do primeiro caso de Covid-19 anunciado no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, o biólogo e divulgador de ciência Atila Iamarino se tornou uma das principais referências na disseminação de informações sobre o coronavírus. Esta foi a data da primeira live em seu canal do Youtube. Desde abril, o Serrapilheira apoia a produção de conteúdo focado neste tema para suas contas no Youtube, Twitter, Instagram e Telegram.

O conteúdo produzido por Atila Iamarino hoje é repercutido por veículos de comunicação em todo país. Ele é colunista da Folha de S.Paulo e tem participado de programas em redes de televisão como Globonews, CNN e TV Cultura (sua entrevista no Roda Viva atingiu a maior audiência recente do canal. No Youtube, é a segundo episódio do Roda Viva mais assistido – em primeiro lugar está a entrevista com Jair Bolsonaro). Ele também tem dado consultoria científica a deputados, senadores e ministros.

Resultados parciais:

Nas redes sociais, o influenciador adquiriu uma base sólida de seguidores durante o período (números de 30/11/20):

Youtube: 1,3 milhão

Twitter: 1 milhão

Instagram: 955 mil

Entre 14 de abril e 10 de julho, foram 23 postagens no Instagram, 16 no Twitter e 12 lives no Youtube realizadas com o apoio do Serrapilheira, alcançando 18,8 milhões de visualizações.

Foi negociado um novo financiamento do Serrapilheira à produção de conteúdo nos canais estabelecidos durante a pandemia. Nesta nova fase, os conteúdos não serão exclusivamente sobre Covid-19. Abordarão também outros temas importantes da ciência, usando como gancho estudos recém-publicados e acontecimentos recentes.

CoronaVerificado: checagem de dados e informação em Covid-19
atualização: 19/11/20

O Serrapilheira, a Agência Lupa e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) se uniram em uma parceria para produção de conteúdos analíticos sobre a desinformação em torno da Covid-19. Foram publicadas 26 colunas na Folha de S.Paulo e no portal UOL, entre junho e setembro (uma coluna por semana em cada veículo).

O objetivo do projeto era ir além da checagem de informações, usando os dados disponíveis nas plataformas CoronaVerificado, uma aliança entre checadores latino-americanos, e a Coronavirus Facts Alliance, colaboração mundial liderada pela International Fact-Checking Network, para produzir análises sobre como as mesmas informações falsas viajavam ou não de um continente a outro e de que maneira. Todas as publicações do projeto foram disponibilizadas pela Lupa em um e-book.

Recursos investidos:
R$ 86 mil

Folha de S.Paulo | O Brasil das várias pandemias
atualização: 1/12/20

O Serrapilheira articulou junto à Folha de S.Paulo uma série de reportagens especiais (texto, foto, infografias e vídeos) sobre o impacto da Covid-19 a partir de diferentes cidades brasileiras. As cidades foram escolhidas com base nos dados da pesquisa Epicovid19.

As narrativas buscaram mostrar como as relações sociais, economia, fé, cultura, comunicação e luto foram alterados pela pandemia. Além da série de reportagens especiais,  o conteúdo também foi distribuído em 11 WebStories.

Recursos investidos:
R$ 50 mil

 

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