Programa de Formação em Ecologia Quantitativa

Programa de Formação em Ecologia Quantitativa

A Formação em Ecologia Quantitativa tem como objetivo preparar futuros cientistas para trabalhar de forma interdisciplinar, aliando modelos matemáticos e técnicas de computação à pesquisa em ecologia.

O foco é naqueles interessados em ingressar num programa de doutorado de excelência para dar continuidade a suas carreiras.

A formação é composta por duas etapas. A primeira é um treinamento intensivo em ferramentas quantitativas usadas na ecologia. Nessa fase, os alunos serão introduzidos ao panorama dos biomas brasileiros e desafios da ecologia, e aprenderão sobre dados ecológicos e estatística, modelagem matemática, sensoriamento remoto e machine learning. Também desenvolverão projetos em grupo, trabalhando de forma interdisciplinar para responder a uma pergunta da ecologia usando as ferramentas aprendidas no curso.

 Após o período de aulas, o curso prevê ainda uma “imersão científica” por duas semanas, com seminários, workshops e sessões de mentoria com cientistas de diferentes países que são referência na área. A programação inclui ainda um workshop sobre comunicação e jornalismo científico, com o objetivo de ampliar as possibilidades de diálogo na interface entre ciência e sociedade.

O programa traz ainda a oportunidade de participar de uma segunda etapa da formação: um curso de campo, programado para julho de 2026. Para esta fase, serão selecionados 16 estudantes, entre os 30 participantes da primeira etapa, para trabalhar em projetos em grupo que unam a abordagem teórica do curso de verão ao trabalho de coleta de dados, observações ou experimentos.


O objetivo é, assim, unir as duas expertises tradicionais na ecologia que geralmente caminham separadas: a teórica, que utiliza ferramentas matemáticas e computacionais para pensar em larga escala de dados, e a empírica, que detém o olhar treinado para observar como os fenômenos modelados se manifestam de fato na natureza.

A coordenação científica da Formação em Ecologia Quantitativa é de Caio Mattos (UFSC).

Para quem é a Formação?

O programa é voltado a pessoas com o mestrado em andamento ou concluído em qualquer área do conhecimento, em uma instituição de Ensino Superior do Brasil. Quem está cursando ou já concluiu a graduação também é elegível.

A experiência de pesquisa no campo das ciências biológicas é desejável, mas não obrigatória, e é imprescindível ter o domínio da língua inglesa. Também é necessário que o candidato tenha alguma familiaridade com cálculo diferencial e integral e programação, pois essas ferramentas serão utilizadas nas aulas.

Buscamos alunos com trajetórias acadêmicas diversas, mas que tenham em comum a curiosidade e o interesse em mergulhar numa grande variedade de tópicos e abordagens metodológicas em ecologia.

Por que uma Formação em Ecologia?

A Formação parte da premissa de que é fundamental para o Brasil desenvolver a ecologia tropical como eixo estratégico, aproveitando seu potencial de liderança no combate à crise climática e à devastação de biomas, e fazendo do país um polo global de cientistas do clima e da biodiversidade.

Isso porque temos os maiores laboratórios naturais do planeta: os ecossistemas. Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga, Pampa e os oceanos – cada um deles é extremamente rico e diverso e, a partir de uma economia verde, tem o potencial de gerar uma riqueza passível de se reverter diretamente para a população.

Desenvolver o eixo estratégico de ecologia tropical implica uma formação transdisciplinar que vem sendo requisitada cada vez mais. Para ocuparmos uma posição central na produção científica na área, é necessário investir na capacitação transdisciplinar de excelência, com potencial de inserir os futuros cientistas numa rede internacional. 

Edições anteriores

As três primeiras edições aconteceram em parceria com o Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR). Por causa da pandemia da Covid-19, a primeira edição aconteceu em formato de workshop, totalmente remoto, em uma versão mais curta, de 5 a 30 de julho de 2021.

Já a segunda e a terceira edições aconteceram em formato presencial, na sede do ICTP-SAIFR, em São Paulo. A segunda edição teve duração de cinco meses, entre julho e novembro de 2022. Reformuladas, as 2 edições seguintes tiveram o formato inspirado em um curso de verão, com foco somente em ecologia, em janeiro e fevereiro, e um módulo de campo durante o mês de julho.  De 2021 a 2022 a coordenação científica ficou a cargo de Ricardo Martínez-García (Center for Advanced Systems Understanding – CASUS) e (Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf – HZDR); de 2022 a 2025 a coordenadora científica foi Flávia Marquitti (Unicamp).

Confira os professores e os alunos selecionados das edições de 2021, 2022, 2023, 2024 e 2025 do programa.

Confira também um pouco das edições do curso de campo das edições de 2023, 2024 e 2025.

Depoimentos

Tiago Mourão

Mestre em física pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e aluno da Formação em Ecologia Quantitativa

Foi uma experiência inenarrável. Eu vim como físico – me formei em física, fiz mestrado em física – mas agora eu quero seguir o caminho do doutorado na ecologia, então eu estou tentando fazer uma transição de área, e esse curso foi fundamental justamente para eu ter as ferramentas necessárias para conversar com as pessoas que já são dessa área.”

Amanda Maciel

Mestranda em matemática aplicada na USP e aluna da Formação em Ecologia Quantitativa

Percebi com a Formação em Ecologia que eu não posso trabalhar sozinha. Como matemática, não só não consigo, como não deveria fazer o que faço sozinha. A gente depende um do outro para fazer essa conexão entre os dois mundos. Eu preciso ajudar os biólogos a descrever o que estão vendo e eles precisam me ajudar trazendo os problemas que eu posso colaborar. O curso serviu para eu perceber que essa conexão é fundamental.”

Rafael Menezes

Doutorando em ecologia pela USP e mestre em física pela UFBA, aluno da edição 2021

Na biologia e na ecologia existe uma pluralidade de conceitos que é absolutamente fantástica. Inserir a matemática nesses conceitos pode trazer muitos benefícios, porque traz mais precisão às definições, do ponto de vista teórico.