Inaugurada há pouco mais de três meses, a plataforma assumiu um papel fundamental de suporte à produção de conteúdo sobre a Covid-19

Sabine Righetti e Ana Paula Morales, coordenadoras da Agência Bori. Foto: El Tigre Studio

Clarice Cudischevitch

Quando foi inaugurada, há três meses, ainda não se imaginava o papel fundamental que a Bori viria a ter pouco tempo depois. Desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em 26 de fevereiro, a agência vem dando um apoio direto à cobertura jornalística do novo coronavírus. Ao oferecer um material amplo para auxiliar a produção de conteúdo, tornou-se um verdadeiro hub de informações para a imprensa nacional.

Criada pela jornalista Sabine Righetti e pela biomédica Ana Paula Morales, a Agência Bori busca conectar o conhecimento inédito produzido por pesquisadores brasileiros a jornalistas de todos os tipos de veículos de comunicação do país. O objetivo é aumentar a presença da ciência na mídia nacional e, assim, ampliar o acesso da sociedade a esse conteúdo.

Em uma plataforma, a Bori reúne estudos de universidades e institutos de pesquisa nacionais com embargo. Ou seja: estão disponíveis para os jornalistas antes de serem oficialmente publicados. Esse conteúdo é acompanhado de press releases, do contato do autor porta-voz e de material audiovisual para facilitar a cobertura dos repórteres.

Apesar de ainda trabalhar em uma versão beta e passar por testes, a plataforma já conta com números robustos: são quase 930 jornalistas cadastrados, oriundos de 23 estados e todos os tipos de veículos: TV, rádio, revista, site, jornal. Foram antecipados para a imprensa quase 90 estudos nacionais – 70% deles sobre saúde, ciências exatas e da terra.

O banco de fontes dedicado especificamente à Covid-19 conta atualmente com  300 cientistas, todos eles previamente preparados para atender a imprensa. No material de apoio há quase 100 estudos nacionais sobre o novo coronavírus – todos aqueles publicados por instituições brasileiras entram imediatamente no banco da Bori, pois são coletados diariamente das bases de periódicos.

Foi criada, ainda, uma seção de artigos de opinião sobre Covid-19 escritos por cientistas. Já são 15 textos, que podem ser reproduzidos pela imprensa e dos quais os jornalistas podem retirar aspas para suas reportagens, além de terem acesso ao contato dos autores. A Bori também já organizou 20 webinars para discutir o novo coronavírus sob diferentes abordagens.

Esse suporte na cobertura da Covid-19 não estava inicialmente previsto, mas foi uma demanda dos próprios jornalistas. “Havíamos lançado a Bori há duas semanas quando o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no Brasil”, conta Ana Paula Morales. “Desde então voltamos o nosso trabalho para o apoio de jornalistas na cobertura da pandemia, reunindo diariamente conteúdos científicos sobre o tema e o telefone celular de pesquisadores brasileiros de diversas áreas que toparam falar com a imprensa.”

“A Bori acabou se tornando um hub de jornalistas que estão na cobertura da pandemia em todo o país”, comenta Sabine Righetti. “A maioria das reportagens sobre Covid-19 que estamos acompanhando ouviram cientistas que estão no nosso banco -e os cientistas se tornaram os principais porta-vozes nesse momento. Às vezes nem a gente acredita que temos apenas três meses de vida!”, completa.

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