17/07/2020 07:44

Aplicativo detecta padrões de respiração para analisar sintomas da Covid-19

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O engenheiro da computação Igor Miranda desenvolveu o aplicativo ContraCovid, que monitora a Síndrome Respiratória Aguda Grave, um dos principais sintomas da Covid-19

O pesquisador Igor Miranda, criador do ContraCovid

Pedro Lira

Existem formas da população, sem sair de casa, descobrir as chances de seus sintomas serem de Covid-19? O engenheiro da computação Igor Miranda encontrou uma solução prática para isso. O pesquisador desenvolveu o aplicativo ContraCovid, que monitora os avanços da síndrome respiratória aguda grave, um dos principais sintomas da doença causada pelo novo coronavírus. 

Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Miranda trouxe para o Brasil a ideia que conheceu em seu pós-doutorado na Universidade de Stellenbosch, na África do Sul. “O projeto inicial era voltado à tuberculose e investigava, por meio da gravação da tosse, o avanço da infecção em pacientes”, explica. Com a chegada da Covid-19 ao Brasil, o pesquisador adaptou o sistema para estudar não a tosse, mas a respiração de pacientes com suspeita de infecção pelo coronavírus. “Cerca de 15% dos casos mais críticos da doença estão associados a problemas respiratórios.”

Uma das vantagens do projeto é tornar mais seguro o trabalho de profissionais da saúde, já que o próprio usuário faz as medições, mantendo o isolamento social. “O app também permite que pessoas desfavorecidas socialmente, ou que não têm acesso fácil a unidades de saúde, possam analisar seus sintomas”, comenta Miranda, que foi um dos 23 cientistas selecionados pela última chamada pública de apoio à ciência do Serrapilheira. 

A tecnologia faz uso do acelerômetro, o mesmo dispositivo presente nos smartphones que detecta quando a tela está na horizontal ou vertical. “O que nós fazemos é colocar o celular no abdome para estudar o movimento de respiração da pessoa. Com essa coleta de dados, calculamos o padrão respiratório e estimamos os parâmetros do paciente.”

Para fazer a testagem, o usuários precisa preencher algumas informações de saúde e o sistema devolve os dados em formas de gráficos. “Para detectar se a pessoas tem chances de estar com Covid-19, o sistema faz um cálculo tendo como parâmetro estudos sobre a síndrome respiratória e a análise da respiração ao longo de alguns dias.”

Um sistema inteligente 

Miranda comenta que o aplicativo é o que ele chama de “a ponta do iceberg”, já que todo um sistema foi montado para pensar a questão. Além de auxiliar médicos e pessoas com sintomas da doença, ele é um instrumento de coleta de dados. O grupo do pesquisador tem como principal objetivo estudar a síndrome respiratória aguda grave e projetar, a partir de dados de usuários infectados e saudáveis, como a doença avança. 

“Para nós o mais importante não é identificar se o paciente tem Covid-19, mas estudar a SRAG e detectar se a pessoa vai desenvolvê-la ou não”, explica. “A partir dos usuários, queremos saber o que aconteceu com pacientes infectados; se melhoraram, foram internados ou não resistiram. Assim conseguimos projetar os avanços da síndrome em outros pacientes.”

O app já está disponível no Google Store (apenas para smartphones do sistema Android). 

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