Cientistas em início de carreira
Com essa chamada, a FAPESB e o Serrapilheira querem criar as condições necessárias para que os jovens cientistas do Brasil desenvolvam suas pesquisas contando com recursos financeiros, autonomia de escolha de projeto e flexibilidade de gerenciamento.
Um dos momentos-chave na trajetória acadêmica de um cientista é o estabelecimento da sua própria linha de pesquisa e a escolha de um grupo de colaboradores ao qual garanta a infraestrutura necessária (espaço físico, insumos, entre outros) para o desenvolvimento do projeto.
Essa autonomia de escolha do projeto e flexibilidade de gerenciamento da equipe estão intimamente ligadas aos recursos financeiros disponíveis.
Em geral, as linhas regulares de fomento à ciência não contemplam os primeiros aportes a um jovem pesquisador, embora seja esse o ponto crucial no início da carreira de um novo cientista.
O objetivo desta chamada é apoiar exatamente o momento inaugural da atividade do pesquisador e garantir que, com os meios financeiros e a estrutura adequada, ele possa conquistar uma posição formal como professor ou pesquisador no médio prazo.
Cientistas de grupos sub-representados
Muito embora as pessoas negras representem 55,9% da população brasileira, e indígenas 0,83% (Censo 2022), tais porcentagens não se refletem na distribuição de cor/raça na academia brasileira, especialmente a partir da pós-graduação e em posições permanentes de liderança. O foco do presente edital consiste em amenizar esse desequilíbrio.
Esta chamada reafirma a diversidade na ciência como um valor do Serrapilheira e da FAPESB, por um movimento em prol da igualdade de talentos, mas também porque temos a convicção de que as ideias novas e criativas, que alimentam a pesquisa de excelência, são favorecidas pela diversidade. Quanto mais numerosos e diversos forem os pontos de vista, mais rica é a ciência.
Grandes contribuições à ciência
A chamada tem como missão financiar cientistas que, em busca de excelência em suas pesquisas, fazem perguntas fundamentais, com o risco e o sonho de oferecer grandes contribuições às suas áreas de atuação.
As grandes contribuições à ciência são favorecidas quando o cientista dispõe de infraestrutura, tempo e autonomia para desenvolver seus projetos, além de um ambiente rico de ideias. Assim, ao acreditar na capacidade inventiva dos cientistas, o Serrapilheira oferece recursos financeiros de longo prazo e flexibilidade de uso. O instituto também reconhece que a pluralidade de pontos de vista enriquece a ciência, favorecendo um cenário propício ao surgimento de grandes contribuições.
Grandes perguntas
Grandes perguntas são aquelas que questionam o conhecimento científico, abrem novas perspectivas de avanço ou aprofundam o conhecimento de uma área científica. Projetos dessa natureza dizem respeito às questões “o quê”, “quando”, “por quê” e “como”, e não àquelas utilitárias (“para que serve”).
Áreas apoiadas
A ecologia, como buscamos apoiar neste edital, é uma ciência natural que engloba ecologia de organismos, populações, comunidades ecológicas, ecossistemas, paisagens, ecologia global e de grandes escalas, ecologia histórica e ecologia humana, assim como conservação, manejo e serviços ecossistêmicos.
São bem-vindos projetos que envolvam abordagens matemáticas ou computacionais.
Projetos passíveis de apoio
Serão apoiados projetos originais e ousados, especialmente aqueles arriscados, e propostas que movimentam pessoas e ideias entre grupos de pesquisa.
Projetos não passíveis de apoio
Não serão apoiados projetos que sejam uma clara repetição de projetos anteriores. É necessário haver uma contribuição nova.
Propostas voltadas exclusivamente à ciência aplicada, com perguntas utilitárias e sem foco na produção de conhecimento e sem diálogo explícito com teorias ecológicas, não são o escopo da chamada.
Não serão contemplados projetos voltados exclusivamente a testes clínicos, estudos de saúde pública, desenvolvimento de biomarcadores ou de processos e produtos agrícolas ou industriais.
Risco
Para o Serrapilheira, o risco é bem-vindo e essencial ao avanço da ciência, e ele pode ser:
risco de concepção: é possível, ou mesmo provável, que a hipótese proposta não explique a grande pergunta. Por exemplo, o efeito proposto pode não existir ou não ser universal, a hipótese pode ir contra a posição dominante/mainstream do campo ou, ainda, outras hipóteses podem explicar melhor os achados.
Tais hipóteses se opõem a hipóteses “seguras”: aquelas onde a evidência abundante já aponta na direção de confirmá-la, de modo que o estudo proposto apenas confirmaria o que todos já “sabem”.
risco de abordagem: é possível, ou mesmo provável, que a abordagem metodológica proposta, mesmo que bem-sucedida, não seja capaz de fornecer informações adequadas e úteis para testar a hipótese proposta. Por exemplo, o objeto de estudo é muito complexo ou variável para a abordagem, o paradigma atual do campo considera a abordagem como impossível ou, ainda, a abordagem é pouco convencional ou heterodoxa.
Tais abordagens se opõem a abordagens “seguras”: aquelas que são bem estabelecidas e têm alguma garantia de que vão funcionar, pois elas já têm um histórico de uso bem-sucedido para atacar problemas similares.
risco técnico: a obtenção dos dados seguindo a metodologia proposta pode ser tecnicamente desafiadora. Por exemplo: os métodos são difíceis de implementar; apresentam etapas críticas que podem falhar; exigem muita persistência e tentativa e erro; envolvem a manipulação de equipamentos complexos; requerem trabalho de campo ou experimentos em larga escala; o objeto de estudo está sujeito a muitas condições incontroláveis ou é produto de um longo tempo natural – tempos geológicos ou animais/plantas com ciclos de vida longos.
O Serrapilheira estimula a submissão de projetos arriscados nos dois primeiros sentidos, i.e., que trazem hipóteses e abordagens ousadas. Já o alto risco técnico, quando presente, deve ser mitigado com a antecipação dos desafios metodológicos e a apresentação de alternativas. Espera-se que o projeto seja tecnicamente robusto.
Publicações
Para nós, publicações são artigos em periódicos. Contemplando a diversidade de produção bibliográfica das várias áreas de pesquisa, outros formatos podem ser excepcionalmente considerados, a depender das particularidades de cada área (por exemplo, artigos de conferências ou preprints em matemática, física e ciência da computação).