01/06/2022 06:47

Nasce uma praga: as origens do sarampo

  • Blog Ciência Fundamental

Como a ciência ligou o surgimento da doença às primeiras grandes cidades sem ter registros escritos

Ilustração: Valentina Fraiz

Por Gabriela Cybis

O sarampo já foi daquelas enfermidades que todos conheciam de perto, uma das famigeradas doenças da infância. Até a década de 1960, estima-se que todo ano impressionantes 2,6 milhões de pessoas morriam no mundo por causa dela.  Se hoje essa praga é um tanto desconhecida, isso se deve ao enorme sucesso da vacinação. 

A vacina, desenvolvida em 1963, foi distribuída por meio de uma campanha global que atingiu mais de um bilhão de pessoas. Resultado: a mortalidade por sarampo no planeta foi reduzida a 73 mil óbitos em 2014. Desde então, porém, esse número tem subido devido à desaceleração da vacinação.

Mas se a vacina é uma poderosa ferramenta com potencial de encerrar a história do sarampo, como foi seu início? O sarampo acompanha a humanidade há séculos. Os primeiros relatos clínicos foram escritos pelo médico persa Rhazes no século X Era Comum (EC) e a partir daí foram registradas epidemias devastadoras. O que o vírus Measles morbillivirus (MeV), causador da doença, pode nos dizer sobre seu passado?  

Há tempos pesquisadores vêm contribuindo para pôr essa história de pé. O MeV é um dos agentes infecciosos mais transmissíveis que conhecemos, infecta comunidades inteiras num piscar de olhos. Como essa infecção produz uma imunidade duradoura, o vírus se mantém na população sobretudo pelo nascimento de crianças suscetíveis. Nesse contexto, um dos estudos clássicos da modelagem epidemiológica mostrou que existe um tamanho crítico de comunidade, em torno de 250 mil-500 mil pessoas, abaixo do qual o MeV não consegue se manter endêmico na população. Em comunidades menores ele rapidamente infecta todo mundo e é extinto.  

Uma das fontes mais ricas de informação sobre a identidade do vírus está em sua sequência genética. Comparações dessa sequência às de outros vírus similares identificam como seu parente mais próximo o já erradicado Rinderpest morbillivirus (RPV), responsável por uma doença devastadora em bovinos. É provável que em algum momento um ancestral do MeV tenha rompido a barreira das espécies, pulando de um bovino para um humano devido à proximidade trazida pela domesticação. 

Leia o texto completo no blog Ciência Fundamental, na Folha de S.Paulo. 

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