17/09/2020 06:20

Por que cidadãos comuns devem opinar sobre edição genética

  • Divulgação científica

Estudo defende que participação cidadã é essencial para a tomada de decisões no que é uma das maiores novidades da ciência

Ilustração: Alice Mollon

Um grupo crescente de especialistas acredita que a edição genética é um assunto importante demais para ser deixado apenas para cientistas, médicos e políticos. Em artigo na revista Science publicado na quinta-feira (17), 25 pesquisadores de todo o mundo apelam à criação de “assembleias de cidadãos” nacionais e globais, compostas por leigos, com a tarefa de considerar os impactos éticos e sociais desta ciência emergente. 

Os autores vêm de diversas áreas, incluindo governança, direito, bioética e genética. O Brasil é representado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais Yurij Castelfranchi, do Instituto Nacional para a Comunicação Pública da Ciência; e Ricardo Fabrino Mendonça, do Grupo de Pesquisa em Democracia e Justiça do INCT.DD. 

Ancorado em uma tradição de estudos sobre participação e democracia, o projeto é coordenado pelo Professor John Dryzek, do Centre for Deliberative Democracy and Global Governance da University of Canberra, Austrália. O estudo, Global Citizen Deliberation on Genome Editing, busca criar condições adequadas de informação e discussão, para que pessoas comuns reflitam conjuntamente.

“Experimentos desse tipo, como quando debateram inteligência artificial, trazem resultados surpreendentes. Os cientistas aprendem muito ao abrir espaço para outras áreas do saber e assim construir novos caminhos de pesquisa e formas de fazer política”, explica Castelfranchi, que também é coordenador da especialização em divulgação científica da UFMG, Amerek, que tem apoio do Serrapilheira. 

No artigo na Science, os pesquisadores definem que a assembleia global deve incluir pelo menos 100 pessoas – nenhuma delas cientistas, formuladores de políticas ou ativistas trabalhando no campo. O encontro internacional acontecerá após várias versões nacionais terem sido realizadas. Os eventos nos EUA, Reino Unido, Austrália e China já estão planejados e totalmente financiados. Projetos na Bélgica, França, Alemanha, Brasil e África do Sul também estão bem avançados. “O Brasil, que será o representante da América do Sul, ainda não definiu a sede e data, mas a previsão é que a assembleia aconteça em 2021, a depender do financiamento”, prevê Castelfranchi.

Assista ao vídeo:

  • Temas
  • Amerek
  • edição genética
  • Global Citizen Deliberation on Genome Editing
  • science
  • ufmg