17/11/2023 07:15

Três histórias do Bônus da Diversidade

  • Diversidade na ciência

Ferramenta do Serrapilheira para inclusão de pessoas sub-representadas na ciência já contratou e formou mais de 120 pessoas

Por Cristina Caldas, Kleber Neves e Michel Chagas

O Bônus de Diversidade é uma iniciativa do Serrapilheira em prol de uma ciência mais diversa. Aos projetos aprovados por meio de nossas chamadas oferecemos a possibilidade de acesso a recursos extras para serem aplicados na integração e formação de grupos heterogêneos.

Procuramos observar o significado de diversidade de forma ampla, levando em consideração as combinações entre indicadores étnico-raciais, gênero, pessoas com deficiência, condição socioeconômica e regionalidade. Nosso foco, porém, se concentra na diversidade étnico-racial e de gênero.

A adesão a esse mecanismo é voluntária, e o valor adicional pode ser de até 30% do valor total do orçamento original aprovado para a pesquisa. O valor médio do bônus oferecido para cada grantee ao longo dos anos foi de 168 mil reais.

Além de bolsas (no Brasil e no exterior), os recursos são frequentemente utilizados para pagar cursos de inglês, além de inscrições em eventos científicos, compra de laptops e reagentes de laboratório. Podem igualmente ser destinados para ajudar nas despesas de transporte ou mesmo moradia – afinal, não raro estudantes desistem de sair do Norte ou Nordeste para uma oportunidade em São Paulo ou Rio de Janeiro devido ao alto custo de vida nesses estados.

Desde sua implementação em 2019, até dezembro de 2022, 121 pessoas de grupos sub-representados integrantes das equipes de 33 grantees foram contratadas ou formadas com o auxílio do bônus de diversidade, totalizando 9,6 milhões de reais disponibilizados até o momento.

Temos exemplos valiosos de uso do bônus no desenvolvimento de carreira de pessoas de grupos sub-representados. Conheça abaixo três trajetórias:

Janaina Rodrigues de Paula, logo após terminar a graduação em geologia, em 2007, desejava seguir a carreira acadêmica. Porém, pela insegurança financeira e pelas ofertas de trabalho, optou por trabalhar em uma empresa de mineração.

Com a possibilidade do bônus no grupo do grantee Fabrício Caxito na UFMG, ela retornou à academia com um doutorado-sanduíche na Universidade de Alberta, no Canadá.

 

Caio Vinícius Cardoso Mendes considerou trancar o curso de ciências biológicas na USP para ajudar a família. No laboratório do grantee Paulo Teixeira, ele obteve uma bolsa mensal, laptop, além de cobertura para despesas com inscrição em congressos internacionais, passaporte, vistos e teste de proficiência de inglês.

Dada a qualidade de seu trabalho, Mendes tem mostrado sua pesquisa em eventos científicos nacionais e internacionais, um dos quais no mais importante congresso de sua área (International Society for Molecular Plant-Microbe Interactions; IS-MPMI). Além disso, recebeu Menção Honrosa no Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da USP (SIICUSP) por ter apresentado um dos melhores trabalhos do evento. Atualmente está concluindo um estágio na Colorado State University (EUA) e tem recebido convites de diferentes instituições do exterior para fazer sua pós-graduação.

Tatiane da Silva Nascimento foi aluna do grantee Guilherme Zepon no Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar. Ela usou o bônus para uma bolsa de pesquisa e passagem aérea para França, uma vez que foi aprovada em um programa de dupla diplomação entre a UFSCar e a Université de Grenoble Alpes (UGA), em Grenoble, França, onde também faz o mestrado.

 

Leia mais sobre as ações em prol da diversidade na ciência adotadas pelo Instituto Serrapilheira.