Clarice Cudischevitch

Treinamento em fact-checking para jornalismo científico, pré-estreia de documentário sobre edição genética, oficina de podcast e uma aula aberta de ioga que explica os efeitos da microgravidade sobre o corpo humano são algumas das atividades do Camp Serrapilheira 2019. A programação aberta ao público transforma a edição deste ano em um festival que reunirá várias iniciativas que aproximam o pensamento científico da criatividade. O evento acontecerá de 5 a 8 de setembro na Casa Firjan e no Estação NET Rio, no Rio de Janeiro.

Em tempos de discussões sobre fake news relacionadas a conceitos científicos, a checagem de informações em notícias sobre ciência será abordada no Camp pela jornalista Brooke Borel. Ela é autora do Chicago Guide to Fact-Checking, um guia sobre boas práticas e metodologias para checagem de fatos, produzido a partir de diálogos com mais de 200 fontes de diversas mídias. No evento, Borel fará uma palestra, participará de um debate e ministrará um workshop sobre o assunto.

Outra novidade é a pré-estreia do documentário Human Nature, que aborda a polêmica em torno da engenharia genética e vem sendo aplaudido em festivais internacionais como o SXSW. O produtor executivo do filme, Greg Boustead, será um dos palestrantes do Camp e fará a abertura da sessão, que será gratuita, no Estação Net Rio, em Botafogo.

As sessões de cinema não param por aí. O documentário The Most Unknown, lançado em 2018, também será exibido com a presença do diretor, Ian Cheney. No filme, que teve o cineasta Werner Herzog como conselheiro, nove cientistas de diferentes áreas são levados a lugares impressionantes do planeta para abordar questões fundamentais da curiosidade humana: como a vida começou? O que é consciência? O que é tempo?

O grupo inglês Guerrilla Science é conhecido por promover experiências criativas de contato com a ciência e, no Camp, ele organizará uma atividade curiosa: uma aula aberta de space yoga, que busca explicar os efeitos da microgravidade sobre nossos corpos e mentes quando viajam para o espaço.

Já as artistas suíças Annesylvie Henchoz e Julie Lang apresentarão a instalação audiovisual Espaço, Tempo, Energia, desenvolvida durante uma residência artística no maior acelerador de partículas do mundo, o CERN. A instalação procura reinterpretar artisticamente conceitos fundamentais da Física teórica e sobrepõe perspectivas científicas, poéticas e filosóficas sobre as noções de espaço, tempo e energia.

A programação inclui, ainda, o workshop “Como contar histórias em áudio”, em que os participantes aprenderão técnicas narrativas com as idealizadoras do podcast 37 graus; um treinamento para professores de Ensino Médio exercitarem o ensino criativo de tópicos avançados de Física Teórica; uma imersão sonora que propõe uma visita imaginária a um museu de história natural da Amazônia com o Projeto Sonora; e debates sobre jornalismo, canais de YouTube e podcasts de ciência.

Como encerramento, a Companhia das Letras e o Serrapilheira convidam o público para uma discussão sobre o papel do desconhecimento e da incerteza no desenvolvimento científico. A sessão marca o lançamento da versão em português do livro Ignorância – como ela impulsiona a ciência, de Stuart Firestein (Companhia das Letras, 2019) e contará com o neurocientista Sidarta Ribeiro e a ecóloga Ludmila Rattis. Todo o evento contará com tradução simultânea.

O Camp Serrapilheira é um evento promovido pelo Instituto Serrapilheira para abordar novas narrativas sobre ciência. O encontro reúne divulgadores científicos do Brasil para participarem de workshops, conhecerem referências internacionais na área e formarem redes de colaboração. Nesta edição, 36 organizações selecionadas por uma chamada pública apresentarão sessões sobre divulgação científica e, depois, concorrerão a apoios de R$ 100 mil.

O evento é realizado em parceria com a Casa Firjan, Estação NET Rio e com o Programa “Coincidência”, da Fundação Suíça para a Cultura Pro Helvetia.