10/11/2018 05:03

Começa no Rio a segunda edição do Encontros Serrapilheira

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Treinamento em liderança científica com o Barefoot Thinking durante o Encontros Serrapilheira. Foto: Francisco Costa

Clarice Cudischevitch

Começou neste sábado (10) a segunda edição do Encontros Serrapilheira, que reúne 62 pesquisadores grantees do instituto para treinamentos em liderança científica e visualização de dados, no Rio de Janeiro. Durante cinco dias, os cientistas, que vêm de todo o Brasil, aprenderão ferramentas para aprimorar a gestão de seus laboratórios, em meio a um cenário rodeado pela Baía de Guanabara, Pão de Açúcar e Cristo Redentor.

O evento é uma continuação da primeira edição, realizada em abril deste ano. Porém, enquanto no primeiro Encontros o objetivo era estimular a conexão entre os pesquisadores, que se reuniam pela primeira vez, esta nova edição busca atender a uma demanda dos próprios grantees de uma formação focada em liderança. Quando assumem cargos em instituições de pesquisa, os cientistas passam a lidar com funções de gestão sem, muitas vezes, estarem preparados para isso.

“A ideia é que eles aprendam como serem melhores líderes porque, assim, terão mais tempo para fazer ciência”, explica a diretora de Pesquisa Científica do Serrapilheira, Cristina Caldas. “Queremos que eles tenham meios para se livrar de cargas administrativas e burocráticas quando for possível, ou que saibam lidar melhor com essas atividades, utilizando ferramentas de aumento de produtividade e tentando entender a dinâmica e diversidade de seus grupos.”

O treinamento é promovido pelos britânicos Martin Bloxham e Peter Redstone, do Barefoot Thinking. Há cerca de dez anos, eles realizam cursos em liderança científica em instituições de pesquisa da América do Norte e Europa. Esta é a primeira vez que o workshop acontece no Brasil. Confira matéria sobre o trabalho do Barefoot.

Em um dos exercícios, os participantes deviam identificar o estilo de pensamento que se encaixava em seus perfis –analítico e racional; impulsivo e experimentador; conservador e seguidor de regras; ou emocional e focado em pessoas e relações. Um dos objetivos é reconhecer e valorizar as diferenças nos grupos. Os pesquisadores também desenvolveram mapas mentais e estratégias para colocar em prática grandes ideias que eles, de fato, tenham pensado para suas realidades.

Exercício de identificação de estilo de pensamento. Foto: Francisco Costa

Para a climatologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Renata Libonati, a experiência é especialmente enriquecedora. “Minha área de estudo é bastante multidisciplinar. Tenho que lidar com pessoas de várias áreas diferentes – ecólogos, matemáticos, físicos, engenheiros florestais, então o curso de liderança vai ser muito importante no sentido de conseguir fazer uma integração em uma equipe com características diversas.”

O biólogo Pedro Meirelles, por outro lado, tem uma demanda distinta. Professor adjunto na Universidade Federal da Bahia (UFBA) há menos de dois anos, ele precisa lidar com o desafio de liderar pessoas mais experientes. “São professores titulares; líderes de grupo que se propuseram a entrar no meu projeto, então delegar e cobrar deles não é uma tarefa fácil.”

Em seu laboratório, o grantee vem atuando em dois projetos que visam aproximar a ciência do público. O primeiro é um documentário sobre a influência das mudanças climáticas em aquíferos. Seu grupo vai iniciar em breve trabalhos de campo, acompanhando perfuração em poços na Bahia. O segundo é uma mostra sobre arte-ciência, com instalações em vídeos e improvisações musicais. “Considero importante integrar ciência ao público”, diz Meirelles, que veio ao Encontros mesmo com o pé torcido.

Foto: Diego Padilha

Para o treinamento em liderança científica, o grupo dos 64 grantees foi dividido em dois. A primeira parte fará o curso nos dias 10 e 11 e a segunda, nos dias 13 e 14. Na segunda (12), todos se reunirão para o workshop de visualização de dados com a especialista do Google Fernanda Viégas. “Estamos construindo juntos uma maneira de apoiar pesquisa”, afirma Cristina Caldas. “Não queremos simplesmente transferir recursos, mas olhar, também, para a formação e os gargalos que eles têm para desenvolver sua ciência.”

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